sexta-feira, dezembro 23, 2011

Redenção, Pobreza e Indigência



As recentes declarações do novato primeiro-ministro do Governo de Lisboa, com arzinho de yuppie neoliberal, a propósito de partidas para a Estranja – qual desajeitado gajeiro aliviando carga em barco a meter água na casa das máquinas e nos circuitos da sensatez discursiva, ou qual abussolado piloto sem prudencial apuro nos rodopios do leme – ao sugerir e recomendar que, neste dramático contexto de crise, como lhe ditaram brisas conceptuais de fraco estadista, levas de Emigração portuguesa fossem exportadas para destino europeu e sul-americano, ou para vazadoiros de mercado de trabalho nas nossas auríferas antigas colónias africanas, – e que assim jovens Professores e quadros técnicos supostamente excedentários no nosso pobre Ensino (na Educação, na Cultura, na Investigação e na Ciência, áreas desde sempre interligadas) para ali fossem de trouxa e PC portátil às costas –, causou, como se viu, na sociedade portuguesa, na opinião pública, nos OCS, nas redes sociais e de uma ponta a outra do espectro político e partidário, embora com esteios e objetivos distintos, a mais profunda estupefação e a mais legítima indignação!

– Ora depois dos cabotinismos “académicos” e irresponsáveis idiotias da pseudo-filosofia económica de um atrevido e ignorante caloiro universitário na Gália – persistente e reincidente nódoa na inteligência e na honra de Portugal, na ainda impune hipoteca imposta ao nosso Povo e no que resta da histórica honorabilidade do PS! –, só nos faltava esta pérola de governança!

Mas, como se tal não bastasse, outra luminária do PSD (esse partido tão nobremente fundado por Francisco Sá Carneiro, porém que presentemente já nem o seu antigo dirigente e dileto atual Presidente da República poupa!), arribada lá dos fofos e rotundos cadeirões europeus, logo veio ofertar grácil conserto e concerto terceiro-mundista para tão desalmada inspiração, propondo a queirosiana criação de um órgão (quem sabe, um “ministério”!?), para batucar a dita sangria e as boutades do seu primeiro…

– Realmente, nesta quadra de Natal, enquanto a Pobreza cresce e brada aos Céus, há mesmo maiores e descaradas indigências, sem Redenção possível, neste degradante regime e sistema de exploração e alienação do Homem!
_______
Em: http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=2177&tipo=col, “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 24.12.2011) e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 27.12.2011).