Regressos à Escola
Com o início do ano escolar
regressam estudantes e professores às suas labutas, deixadas para trás as férias grandes, com saudosos dias de
praia e campo, noites (ou noitadas…) de Verão, amores e desamores estivais de
um tempo cujo ritmo apenas se deixa medir pelo brilho solar ou pelo
envolvimento enluarado do sonho, da viagem, das batidas e passos livres do olhar,
do corpo e da alma, pelos mais reais ou imaginários caminhos e atalhos da terra e das suas simbólicas matérias ou
físicas paragens, e dos céus e das
mais variadas leituras, geografias e poéticas, numa proporcionada conjugação de
Clássicos, Modernos e Contemporâneos (Calvino, Borges, Onfray, Lévi-Strauss ou
Theroux, ao lado de Camões, Mendes Pinto, Pessoa, Saramago, Aquilino, Alçada,
Garrett ou Nemésio, entre tantos outros, para peregrinações distantes ou
interiores, e regressos de mundos outros ao quintal da casa…).
Entre nós, a estação que agora
declina a par dos dias que encurtecem, ficou como sempre marcada pelos cíclicos
festejos, correrias e corridas de gente e toiros – festas e folguedos (profanos
e religiosos cada vez mais híbridos!) – por estas ilhas fora e em quase todas
as freguesias, paróquias e lugarejos da Terceira.
– E depois ainda as célebres e
celebradas Sanjoaninas e as Festas da Praia articuladas com renovados roteiros
inter-ilhas e encadeados Festivais de mochila, tenda, chinelo e demais apetrechos
para dormir ou apenas superficialmente passar pelas brasas de esquivas rêveries, talvez em busca de um tempo já
perdido ou ainda para chegar das brumas de uma crise que a todos atinge e
reflexamente condiciona…
Porém regresso à Escola são também, cruamente, livros caros, mega-escolas
contra freguesias e comunidades locais (“pólos de desenvolvimento”, qual o
quê!?), desemprego ou desmotivação de professores e famílias inteiras, desadequação
de programas, indisciplina, sobrelotação e miscigenação etária corrosivas,
proliferação de droga, horários saturantes, subculturas reinantes e preguiças
de estudar, aprender e ensinar!
– Assim, o resto e o que nos
resta é só mesmo a Esperança, igual à alegria dos desenhos das crianças no quadro
negro da Escola que os vai receber, sabe Deus como…
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Em "Diário Insular"
(Angra do Heroísmo, 15.09.2012):
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