sábado, setembro 15, 2012

Regressos à Escola


Com o início do ano escolar regressam estudantes e professores às suas labutas, deixadas para trás as férias grandes, com saudosos dias de praia e campo, noites (ou noitadas…) de Verão, amores e desamores estivais de um tempo cujo ritmo apenas se deixa medir pelo brilho solar ou pelo envolvimento enluarado do sonho, da viagem, das batidas e passos livres do olhar, do corpo e da alma, pelos mais reais ou imaginários caminhos e atalhos da terra e das suas simbólicas matérias ou físicas paragens, e dos céus e das mais variadas leituras, geografias e poéticas, numa proporcionada conjugação de Clássicos, Modernos e Contemporâneos (Calvino, Borges, Onfray, Lévi-Strauss ou Theroux, ao lado de Camões, Mendes Pinto, Pessoa, Saramago, Aquilino, Alçada, Garrett ou Nemésio, entre tantos outros, para peregrinações distantes ou interiores, e regressos de mundos outros ao quintal da casa…).

Entre nós, a estação que agora declina a par dos dias que encurtecem, ficou como sempre marcada pelos cíclicos festejos, correrias e corridas de gente e toiros – festas e folguedos (profanos e religiosos cada vez mais híbridos!) – por estas ilhas fora e em quase todas as freguesias, paróquias e lugarejos da Terceira.

– E depois ainda as célebres e celebradas Sanjoaninas e as Festas da Praia articuladas com renovados roteiros inter-ilhas e encadeados Festivais de mochila, tenda, chinelo e demais apetrechos para dormir ou apenas superficialmente passar pelas brasas de esquivas rêveries, talvez em busca de um tempo já perdido ou ainda para chegar das brumas de uma crise que a todos atinge e reflexamente condiciona…

Porém regresso à Escola são também, cruamente, livros caros, mega-escolas contra freguesias e comunidades locais (“pólos de desenvolvimento”, qual o quê!?), desemprego ou desmotivação de professores e famílias inteiras, desadequação de programas, indisciplina, sobrelotação e miscigenação etária corrosivas, proliferação de droga, horários saturantes, subculturas reinantes e preguiças de estudar, aprender e ensinar!

– Assim, o resto e o que nos resta é só mesmo a Esperança, igual à alegria dos desenhos das crianças no quadro negro da Escola que os vai receber, sabe Deus como…
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