sábado, fevereiro 04, 2012

Vasco Graça Moura ou As Desgraças da Ortografia




Para quem não conhece minimamente o temperamento e as múltiplas verves do novo director nomeado pelo Governo para o Centro Cultural de Belém (CCB), ou para quem, apesar de todo o talento e valor ensaístico, literário e cultural que Vasco Graça Moura (VGM) indiscutivelmente detém – muito embora, nas suas palavras mesmas, até ele ache que muitos “criadores”, e talvez não apenas esses como ainda possivelmente também todo o demissionário e não remunerado ex-Conselho Directivo do CCB (constituído por João Caraça, João Vieira de Almeida, António Rebelo de Sousa, Laborinho Lúcio, Clara Ferreira Alves e Lídia Jorge) –, o possa(m) encarar tal qual uma “espécie de monstro horrendo” (sic), – a verdade é que aquele distinto intelectual, (re)criador de notáveis poéticas e façanhas políticas, ainda mal se tinha sentado à sua nova escrivaninha belenense, e logo se envolveu numa previsível guerrilha de escrita e ortográficos desacordos…

– Só que, agora, tais persistências e recorrências foram exercidas segundo mais decisivos e decisórios modos, e assim para individualizada retoma de antigas causas e propostas próprias (e não só…), no que à dita matéria (de Lei?) do famigerado Acordo Ortográfico diz (des)respeito!

Porém, no que envolve o Governo, até ao momento, o Primeiro-Ministro Coelho apenas se desembrulhou da questão com informáticas cartolas de explicação para os tira-e-põe de correctores nos computadores e redes do CCB e/ou por VGM, ficando o resto por esclarecer e coerente e paradigmaticamente corrigir em acentos, consoantes e outras dissonantes articulações de Língua e fala

– O assunto é pertinente e significativo (embora um pouco quixotesco…), mas deve ser visto em toda a implicada linha das perspectivações linguísticas, culturais e político-jurídicas que o pespontam, até porque sabe-se o que nas escolas, nos manuais, nas repartições públicas, nos OCS e até nas redacções oficiais impostas (nalguns casos com impugnação proteladora de aprovação e vigência legislativas…) se mandou fazer, para que diplomas e outros textos tivessem as respectivas e decorrentes validações e aplicabilidades normativas e gramaticais devidamente homologadas! 
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Publicado em:
"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 04.02.2012), "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 05.02.2012),