sábado, fevereiro 11, 2012

Ultimatos, Carlos César e a Kaiserin


Para quem tiver acompanhado com um mínimo de atenção, conhecimento geo-histórico ou perceção sociopolítica e económica-financeira o que nos últimos dias foi dito sobre Portugal por dois altos responsáveis da Europa atual – Herrin Merkel (Bundeskanzlerin) e Herr Schulz (presidente do parlamento da UE), ambos dignos filhos da impoluta Deutschland… –, certamente não terá deixado de sentir subir-lhe à memória (e, com decorrente certeza, também à indignação!) outros e anteriores acontecimentos pátrios e mundiais que afrontaram a consciência patriótica portuguesa e marcaram muitas das mais paradigmáticas configurações político-institucionais, ideológicas, culturais e filosóficas que as nossas respostas a idênticos estigmas e desafios assumiram ao longo de décadas e especialmente desde o ultrajante Ultimatum de 1890!

– Entretanto, a vários níveis e pela voz e pena de diversas personalidades políticas, observadores, analistas e intelectuais portugueses, algumas significativas, nobres e conhecidas reações a tais atrevimentos alemães já se fizeram notar, porém e  infelizmente a par de outras tantas ausências, fossem elas por oca magistratura “de influência”, cínica tática de miserável partidocracia, cobardia institucional ou mera preguiça na honra…

E veja-se mesmo que alguns dos enfatuados (quando não ridículos comediantes, menores ou trágicos atores) políticos que ao nosso País coube em decadente sina sustentar, foram até ao ponto de, algaraviando-se todavia um poucochinho contra Herr Schulz, praticamente encolherem os seus entrevados ombros ministeriais, dobradas cervizes de mente ou desirmanado discurso institucional português à metediça e afrontosa ingerência estrangeira no que à nossa constitucional e congénere Região Autónoma diz respeito, como se a Madeira fosse para aquela (e para estes últimos, afinal?!) somente um pequeno território suburbano de um “estado falhado” a ser tutelado pelos novos mandarins da Europa, ou então algum remanescente domínio, colónia ou zona de ocupação do que restasse (e está renascendo?) de um velho novo Reich (Paris-Berlim?), ou ainda de um outro novo velho Império boche!

– Ora é por isto mesmo, e pelo que ainda mais envolvido está neste tema (ao qual voltaremos depois), que daqui se envia uma palavra solidária para com a Madeira, e um louvor a Carlos César pela justeza da sua reação à intolerável diatribe daquela nada angélica Frau Angela!
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Publicado em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 11.02.2012),
“Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 12.02.2012),