sábado, maio 19, 2012

Territórios de Risco



As últimas calamidade naturais, sinistros e decorrentes prejuízos que fustigaram o nosso Arquipélago não poderão deixar de continuar a suscitar e a merecer uma ampla e crítica reflexão objetiva, com vista à indeclinável e inadiável implementação de medidas práticas, apesar de alguns passos nesse sentido terem já sido dados, quer no âmbito do Governo Regional e das nossas Autarquias Locais, quer por parte dos diferentes partidos políticos da Oposição…

– Ora, apesar da violência e das características das tempestades que se abateram sobre as nossas ilhas na semana passada terem atingido dimensões imprevisíveis (?) e inusitadas, a verdade é que algumas das suas custosas consequências, ou ao menos parte delas – felizmente, desta feita, sem perdas de vidas humanas… –, talvez pudessem ter sido evitadas, ou sequer minoradas, caso tivessem sido cumpridas as leis, normas e procedimentos precaucionais que são imperativos nas áreas da governação, da administração e do acompanhamento técnico que, direta ou indiretamente, como em todo o lado, estão sempre implicados nestes domínios (que, como é sabido, envolvem logo e sobremaneira o Ambiente, o Ordenamento do Território, as Obras Públicas, a Agricultura e Florestas, o Saneamento Básico e a Proteção Civil…).

Por outro lado e bem intrinsecamente relacionada com esta exigente problemática, está toda uma vertente técnico-científica, reguladora, orientadora, pedagógica e fiscalizadora, institucional e socialmente, que entronca afinal e em cheio nas interdisciplinaridades próprias dos Estudos, Geografias, Cartografias e Gestão de Riscos, – territórios estes, há já demasiado tempo, esquecidos ou protelados, não promovidos nem devidamente fiscalizados, ou à sombra de muito do entulho e dos alheamentos, omissões, ignorâncias, incompetências, irresponsabilidades e impunidades que enxameiam alguns setores chave da nossa sociedade, com os seus agentes, atores e decisores apenas a fazer de conta que trabalham, enquanto vão contabilizando as pouco mais que mercenárias comissões de serviço para onde foram, imerecidamente, alcandorados, com evidentes e quase irreversíveis penalizações sistemáticas e recorrentes para a nossa Região, para o Governo dos Açores e para o próprio partido que também arriscadamente o suporta!
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Publicado em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 19.05.2012),
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 20.05.2012)