sábado, agosto 18, 2012

Uma Dança de Cadeiras


Berta Cabral, ao ser confrontada – e fazendo frente a um gesto-alvitre nada inocente… – com a possibilidade de Maria do Céu Patrão Neves poder vir a deixar o lugar para que foi eleita (como é sabido, na altura em substituição inusitada, forçada e então muito mal aceite no PSD-A, de Duarte Freitas), de modo a vir a integrar um eventual futuro executivo regional, logo se apressou a afastar tal hipotético cenário, dizendo mesmo que a actual deputada europeia permaneceria mas era muito bem onde presentemente está, e que, portanto, o seu casual ingresso num governo do partido de Passos Coelho nos Açores, presidido por si, lhe estaria vedado!

O caso, por si apenas, não traz novidade nenhuma e tem importância nula para a governação açoriana, qualquer que ela venha a ser, até porque Patrão Neves, quiçá injustamente, nunca foi figura muito implantada no PSD local, por razões e impressões pessoais, até talvez de uma certa inveja ou ciumeira pouco abonatórias, mas acima de tudo porque muitos sociais democratas açorianos ainda não se esqueceram de todo o processo que levou à candidatura europeia daquela predilecta mandatária e conselheira de Cavaco Silva…

– Por outro lado ainda, a ninguém que a conheça minimamente passará pela cabeça imaginar aquela tão activa, insinuante e cativante nova especialista e tirocinada em Agricultura e Pescas, depois da sua tão fulgurante carreira política nacional e internacional, regressando a prazo, de pastinha debaixo do braço, aos seus pequenos, conquanto luzidios, canteiros departamentais e intelectuais púlpitos na UAç…

Porém e seja lá como for que as coisas andem ou desandem nos jogos internos de uns e outros, o que importa retirar da lógica inerente a estes sinais e premonitórias peripécias – e nisso Berta Cabral tem toda a razão! – é que, mais do que antecipar ou atender a ensaios de dança para certas cadeiras do poder, valerá pensar, fazer pensar, decidir e trabalhar autenticamente para os Açores e com os Açorianos – com verdade, inteligência, isenção e generosidade – naquilo que a Autonomia, a Democracia e o Desenvolvimento de nós exigem renovadamente hoje, deixando o resto e o ajuste das contas da mercearia insular para segundo plano de intenções, ou para o balcão do fundo da loja…

– Se é que esse inferior nível de compra e venda de títulos passageiros e bugigangas institucionais já não desterrou ou usurpou de vez, em todos os partidos e nas suas listas (negras ou em branco, tanto faz…), a real importância de tudo o mais e do melhor que, desse outro modo irracionalmente enquistado, civicamente obscurantista e político-partidariamente degenerado, com toda a certeza lhes faltará sempre em créditos, credibilidade e mérito!
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