sábado, setembro 08, 2012

UMA EVOCAÇÃO
DE ADRIANO MOREIRA 



Na passada quinta-feira, dia 6 de Setembro, comemorou o Prof. Adriano Moreira o seu nonagésimo aniversário de vida, efeméride justamente lembrada em diversos círculos intelectuais, académicos e mediáticos, com especial destaque para o Jornal de Letras e para a RTP1 (com as Entrevistas respectivamente feitas por Soromenho Marques e Fátima Campos Ferreira), para o Público (com a publicação de um belo texto de Isabel Moreira sobre o seu Pai) e para as redes sociais (v.g. no Facebook, onde temos e vimos acrescidamente agora partilhados, com outros reconhecidos amigos, depoimentos e apreços pela sua exemplar figura).

Por mim – que tive, há cerca de trinta anos, a feliz possibilidade de conhecer Adriano Moreira e de poder contar desde então com a generosidade honrosa da sua Amizade pessoal e da sua colaboração institucional –, não podia deixar passar esta significativa ocasião sem, também aqui e a partir destas insulares paragens, evocar a sua longa Vida e a sua vasta e rica Obra, mesmo que apenas na circunstância de um breve e localizado testemunho.

– E é assim que estou a vê-lo chegar, vezes sem conta e anos e anos a fio, ao gabinete de trabalho do Padre Aguiar (seu irmão de peito, trabalho e cosmovisão…), lá no nosso saudoso Colégio Universitário Pio XII, para dialogar, desabafar, ensinar, conferenciar, moderar, animar e partilhar tantos e tantos sonhos, certezas, medos, desencantos e persistentes projectos alternativos ou complementares, ajudando a pensar sempre e a agir a par e em consequência para a frente e para cima (como recolhera de Teilhard de Chardin), naquele seu carismático e testemunhal misto de sapiente e vivo olhar crítico, simultaneamente esperançoso, céptico, ansioso e utópico sobre o Mundo e a História, a Política e a Estratégia, a Cultura e a Fé Cristã (nomeadamente face ao “desafio que a doutrina conciliar trazia ao legado humanista europeu” e não só…), – enfim, sobre a Identidade e a comunidade de Destino de Portugal e dos Portugueses (afinada com Agostinho da Silva), numa incansável, inquebrável, indomável e amiúde crucificante procura agónica e redentora dos sinais do Tempo (categoria histórico-civilizacional e metafísica sempre presente em toda a sua pujante reflexão intelectual e nas suas narrativas literárias, memoriais e espirituais, como A Espuma do Tempo, Memórias do Tempo de Vésperas paradigmaticamente revela).

Numa época tão indigente como a nossa, evocar o Prof. Adriano Moreira, gratamente escutar a sua palavra e atentamente auscultar a memória das suas experiências e lições, configura um dever de exercício de verdadeira cidadania universal e um direito de apelo à inteligência nacional, – como ele escreveu, para a urgente “nova definição do estatuto de Portugal, [actualmente] mais resultado colateral do globalismo do que da responsável governação”…
__________________________

Em RTP-Açores:
Azores Digital:
“Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 08.09.2012):
e Networked Blogs:
Outra versão em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 08.09.2012):
http://www.diarioinsular.com/