sábado, outubro 06, 2012

As Obscuridades da EDA


Não há dúvida que a formosa Empresa de Electricidade dos Açores (EDA) tem um invejável historial de bem servir e alumiar os seus clientes, proporcionando, há décadas, na ilha Terceira – e provavelmente também em todo o nosso restante Arquipélago – uma produção, distribuição e assistência de alto gabarito energético!

– Por aqui e hoje, na mesa de trabalho e estudo onde esta Crónica costuma ser escrita, já foram várias as vezes em que subidas e descidas de corrente deram sinal dessa excepcional e fiável prestação pública, atirando sistemas e programas abaixo e acima, enquanto as luzes, apitos e aparelhos de toda a casa ganham inusitada agitação e parecem ir finar-se a espaços oscilantes e imprevistos, sendo que nem sequer os normalmente suficientes estabilizadores e suas precaucionais e acopladas unidades UPS (outro acrónimo, mas este de “Uninterruptible Power Supply”…) conseguem haver-se em conta com tão eficiente abastecimento…

E o caso, nesta circunstância, até se ficou por menos, não tendo o diabo vindo tecê-las para ficarmos em apagão, horas a fio, como ainda há poucos dias voltou a suceder!

– É claro que aos prejuízos, avarias, incómodos, arrelias, atrasos, indemnizações e avultadas despesas de manutenção, que desses negrumes técnicos recorrentemente decorrem, nem vale a pena contabilizar, ao lado daquilo que tanto tem sido dito, escrito e protestado em vão, desde as associações de Comércio, Serviços e Indústria à mais pequena e bucólica casinha dos contribuintes açorianos.

Todavia, este caso não poderia ficar desfocado e sem mais uma achega face a alguns velhos e conhecidos papéis, arquivos, relatórios e recortes onde não faltam números, potências, centrais, geradores, redes e demais panóplia para registo do brilhante cadastro empresarial da dita EDA, a par de alguns bem recordáveis, co-responsabilizáveis e sucessivos administradores, delegados, antigos e actuais responsáveis planeadores, gestores, “public-relations”, imparciais e ajuizantes conselheiros de sentença sempre oportuna, iluminados académicos e/ou ressabiados e descansados comissários político-administrativos de alta e baixa tensão…, – todos eles já em postos de transformação para melhores diferenciais (e sem choques nos respectivos e inocentados padrinhos institucionais, nem curto-circuito nos fusíveis das suas condensadas memórias, ascensionais carreiras ou douradas reformas…), atirando pedras, calhaus, raios e coriscos aos filamentos virgens das lampadazinhas dos outros, agora que a luz se apaga, ou alguma baixa nos débitos cúmplices de outrora recomeça a manifestar-se com as ventanias e ameaças deste inseguro e eleitoral Outono dos patriarcas e suas luminárias!
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Publicado em:
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 06.10.2012);
"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 05.10.2012);