sábado, janeiro 12, 2013


As Lajes em Fogos de Alto



Desmentindo e corrigindo uma anterior (talvez bem intencionada, mas pressurosa…) afirmação adiantada, incorrecta e precipitadamente – e até de modo algo abusivo, incauto, imprevidente e comprometedor …– pelo presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, o Governo Regional dos Açores (GRA) entendeu “útil e necessário esclarecer”, em Nota Oficial (1), ser falso, e assim contrário ao referido pelo jovem autarca, que “o interesse dos empresários norte-americanos na ilha Terceira” resultasse “do trabalho desenvolvido pelo presidente do Governo Regional dos Açores (…) durante uma viagem aos Estados Unidos, no qual manteve contactos com políticos federais e estaduais com raízes açorianas, no sentido de encontrar soluções que minimizem o impacto da redução militar norte-americana na Base das Lajes” (2)…



Depois – porque o autarca ainda dissera que “esta informação lhe foi transmitida pelo próprio presidente do Governo…” –, o Gabinete de Vasco Cordeiro mais quis acentuar, “Em relação às notícias relativas à visita aos Açores de um grupo de empresários dos EUA”, ser a mesma “uma iniciativa do Governo dos EUA, promovida pela Embaixada dos EUA em Portugal em conjugação com o Comando Europeu há já algum tempo, como foi, de resto, publicamente anunciado pelo Embaixador dos EUA em Lisboa, em dezembro passado”!

– E finalmente, mais sublinhou e concluiu o GRA, para que não houvesse qualquer dúvida local (terceirense e/ou concelhia): “O programa da visita e as atividades a decorrer na Região estão a ser trabalhadas entre as autoridades dos EUA e o Governo dos Açores, sendo que, através deste, é promovida a participação das entidades representativas dos empresários da Ilha Terceira e o Município da Praia da Vitória”…



Ora estes sintomáticos câmbios, toques e retoques de argumentos, posições e mediações, ocorreram mesmo nas vésperas e coincidentes alturas de Vasco Cordeiro, na Praia da Vitória, receber um “Relatório” (3) da Comissão Permanente da sua Assembleia Municipal (sobre a importância e impacto da presença americana na Base das Lajes), logo depois de – para bons entendedores regionais e ilhéus… – ouvirmos todos ser-lhe afiançado, quase afrontosamente para os pequenos (dos) Açores, pela melíflua e soberana autoridade político-militar e diplomática do Ministro Branco, que as relações de Portugal com os USA (como se isso fosse novidade táctica ou estratégica actual de Lisboa…) iam poderosamente muito para além dos doirados “peanuts” (ou autóctones espécimes?) do Campo das Lajes...




Tudo isto tem muito que se lhe diga – e há-de chegar a ser dito, mais dia menos dia! –, muito para além daquelas peregrinas ideias e areias, propostas e mirabolantes cantilenas que agora (nos) fervem de todos os lados, modos e feitios, atiradas ao vento, às marés e às costas dobradas das nossas cada vez  mais novamente adjacentes e impotentes ilhas…


– E pudéssemos nós cantar-lhes hoje as mesmas Cantigas de outrora, como se pela voz do nosso Poeta: “Tanto caga-fogo de alto! / Tanto bidom, tanto prigo! / Cimento não dá pão alvo/ Como dava o nosso trigo.
RTP-Açores:
e Azores Digital:
Outra versão em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 12.01.2013).