sábado, fevereiro 02, 2013


Tragicomédias da Praia e do BENS




Reincidente e mais depressa do que se imaginaria, a Câmara Municipal da Praia da Vitória está mesmo indubitável e ingloriamente a deixar-se atolar num turvo pântano que – para além daquilo que aqui foi pessoalmente relevado – é já, e mais ameaça devir, uma inesperada (?) ratoeira e uma penalizadora hipoteca para todo esse concelho da ilha Terceira, e (evidentemente!) para o próprio Partido Socialista (à medida de Sérgio Ávila, que nanja pela estatura de Vasco Cordeiro?!) …

– E isto é assim tanto mais institucionalmente (além de político-partidariamente…) espantoso quanto, consumindo-se e consumando-se tal tragicomédia, quis-se agora tornar refém (comprometendo-a e instrumentalizando-a…) também toda a bancada dos seus (nossos) autarcas –, conquanto apenas só se conseguindo com isso desencadear um potencial bloqueio decisório (e eleitoral?) a quem e/ou ao partido que o(s) candidatou (possivelmente à cata de supostos benefícios políticos interinos) …

Todavia, percebendo-se logo e muito bem o que por lá foi pretendido com uma tal dita e promovida “conferência de imprensa”, afinal com tanto mais não foi conseguido a não ser a encenação de um suicidário e desatinado lava-mãos (conjunturalmente perpetrado sob imprevidente batuta local), a mesma que – como se não bastasse o resto – logo arrebanhou gente para aquela pressurosa e coarctante manifestação de claque de cumplicidades naquele simulacro de co-responsabilização colectiva!

– Depois, a falta de segurança, razoabilidade, maturidade e talento político-institucionais revelados e montados naqueles termos e palcos escolhidos para tornar a afrontar o Tribunal de Contas com o implícito agravo da insinuação de existência de arbitrariedades e incompetências no Relatório da sua qualificada Auditoria (pois é disso que se trata quando lógica, técnica e cientificamente a algo falece solidez de pressupostos…), e bem assim o disparatado recurso a ameaças judiciárias, consabidas falácias, cabalas dos OCS, suspeições de difamação, ódio, bairrismo, inveja micaelense e outros igualmente fantasmáticos dislates…, – tudo começou a ultrapassar os limites do tacticamente legítimo e razoável!

Realmente, nada disso – diga-se em abono da verdade – curará nenhum dos reais problemas económico-financeiros e as ilegalidades jurídico-políticas que o Tribunal de Contas competentemente detectou na Câmara da Praia, tal como não contribuirá para pagar dívidas e favas a dobrar no futuro, nem, sequer, finalmente, para redimir os do passado, que – hélas! –, até mesmo o de José Fernando Gomes e os (outros) do PSD, foram agora e ali geminadamente invocados, numa sibilina e hipócrita tentativa de cobertura desculpabilizante e para esconjura de outrora denunciados vícios alheios!

– De facto, desse modo, nem com um reclamado e messiânico “Plano de Salvação” para a Praia da Vitória sairemos daquele pântano, tal como de outro incauto atoleiro talvez também não escaparemos apenas por obra e graça dos nossos amigos e aliados americanos do BENS (Business Executives for National Security), organização encarregada, desde os anos 80, de conceber e accionar o Base Realignment and Closure Act.

Finalmente, sabe-se – conforme o “Diário Insular” (honra lhe seja feita!), isoladamente em todos os OCS e instâncias nacionais, também parece ter começado a intuir (aliás apenas com um relance próximo do mesmo tema pelo deputado do PPM/PSD pelo Corvo na Assembleia Regional…) – que o BENS é uma “non-profit organization of business executives”, autodenominada ‘the primary channel through which senior business executives can help enhance the nation’s security”, tendo mais de 300 membros espalhados por todo o território americano, organizando e gerindo “public-private partnerships” que facilitem o uso de iniciativas susceptíveis de responder a emergências e apoios civis, e que tem – enfim… – uma alegadamente forte ligação à Central Intelligence Agency, ao Council on Foreign Relations e ao Bilderberg Group

– Mas talvez se prefira tão graciosos benfeitores (e seus generosos projectos…) aos novamente  denegridos interesses “patrióticos” dos atentos e advertidos negociadores de Portugal...– ou vice-versa! –, sejam eles os do Governo de Lisboa ou dos Açores, não é? 

Pode ser, o que veremos no futuro próximo…
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Publicado em RTP-Açores:
Azores Digital:
e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 03.02.2013).
Outra versão em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 02.02.2013).