Tragicomédias da Praia e do BENS
Reincidente e mais depressa do
que se imaginaria, a Câmara Municipal da Praia da Vitória está mesmo
indubitável e ingloriamente a deixar-se atolar num turvo pântano que – para além
daquilo que aqui foi pessoalmente relevado – é já, e mais ameaça devir, uma inesperada
(?) ratoeira e uma penalizadora hipoteca para todo esse concelho da ilha
Terceira, e (evidentemente!) para o próprio Partido Socialista (à medida de Sérgio Ávila, que
nanja pela estatura de Vasco Cordeiro?!) …
– E isto é assim tanto mais institucionalmente
(além de político-partidariamente…) espantoso quanto, consumindo-se e consumando-se
tal tragicomédia, quis-se agora tornar refém (comprometendo-a e
instrumentalizando-a…) também toda a bancada dos seus (nossos) autarcas –, conquanto
apenas só se conseguindo com isso desencadear um potencial bloqueio decisório (e eleitoral?) a quem e/ou ao partido
que o(s) candidatou (possivelmente à cata de supostos benefícios políticos interinos) …
Todavia, percebendo-se logo e
muito bem o que por lá foi pretendido com uma tal dita e promovida “conferência
de imprensa”, afinal com tanto mais não foi conseguido a não ser a encenação de
um suicidário e desatinado lava-mãos (conjunturalmente
perpetrado sob imprevidente batuta local), a mesma que – como se não bastasse o
resto – logo arrebanhou gente para aquela pressurosa
e coarctante manifestação de claque
de cumplicidades naquele simulacro
de co-responsabilização colectiva!
– Depois, a falta de segurança, razoabilidade,
maturidade e talento político-institucionais revelados e montados naqueles
termos e palcos escolhidos para tornar a afrontar
o Tribunal de Contas com o implícito
agravo da insinuação de existência de arbitrariedades e incompetências no Relatório
da sua qualificada Auditoria (pois é disso que se trata quando lógica, técnica
e cientificamente a algo falece solidez de
pressupostos…), e bem assim o disparatado
recurso a ameaças judiciárias, consabidas falácias, cabalas dos OCS, suspeições
de difamação, ódio, bairrismo, inveja micaelense e outros igualmente fantasmáticos dislates…, – tudo começou
a ultrapassar os limites do tacticamente legítimo e razoável!
Realmente, nada disso – diga-se
em abono da verdade – curará nenhum
dos reais problemas económico-financeiros e as ilegalidades jurídico-políticas
que o Tribunal de Contas competentemente detectou na Câmara da Praia, tal como
não contribuirá para pagar dívidas e
favas a dobrar no futuro, nem, sequer, finalmente, para redimir os do passado, que – hélas! –, até mesmo o de José Fernando
Gomes e os (outros) do PSD, foram agora e ali geminadamente invocados, numa sibilina e hipócrita tentativa de cobertura desculpabilizante
e para esconjura de outrora denunciados vícios alheios!
– De facto, desse modo, nem com
um reclamado e messiânico “Plano de Salvação” para a Praia da Vitória sairemos
daquele pântano, tal como de outro
incauto atoleiro talvez também não escaparemos apenas por obra e graça dos
nossos amigos e aliados americanos do BENS (Business Executives for National Security), organização
encarregada, desde os anos 80, de conceber e accionar o Base Realignment
and Closure Act.
Finalmente, sabe-se – conforme o “Diário Insular” (honra lhe seja feita!), isoladamente em todos os OCS e instâncias nacionais, também parece ter começado a intuir (aliás apenas com um relance próximo do mesmo tema pelo deputado do PPM/PSD pelo Corvo na Assembleia Regional…) – que o BENS é uma “non-profit organization of business executives”, autodenominada ‘the primary channel through which senior business executives can help enhance the nation’s security”, tendo mais de 300 membros espalhados por todo o território americano, organizando e gerindo “public-private partnerships” que facilitem o uso de iniciativas susceptíveis de responder a emergências e apoios civis, e que tem – enfim… – uma alegadamente forte ligação à Central Intelligence Agency, ao Council on Foreign Relations e ao Bilderberg Group…
– Mas
talvez se prefira tão graciosos
benfeitores (e seus generosos projectos…) aos novamente denegridos interesses “patrióticos” dos atentos e advertidos negociadores de Portugal...– ou vice-versa!
–, sejam eles os do Governo de Lisboa ou dos Açores, não é?
Pode ser, o que veremos no futuro próximo…
Pode ser, o que veremos no futuro próximo…
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Publicado em RTP-Açores:
Azores Digital:
e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 03.02.2013).
Outra versão em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo,
02.02.2013).