sábado, julho 05, 2014



A Fidelidade do Verbo



O livro tem título sugestivo (A Ilha e o Verbo); subtítulo impressivamente mediático (“Dos Vulcões da Atlântida à Galáxia Digital”); apelativo Prefácio (D. Manuel Clemente), constando de uma grande Entrevista feita ao Padre António Rego e conduzida por Paulo Rocha (jornalista da área da Religião e secretário da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais).

– Harmoniosa personalidade (onde “tudo dá bem com tudo, da terra ao mar, da família à sociedade, da escrita à fala”, na “consonância geral do tom [...], nas palavras que usa, [e] como as distribui com igual generosidade por pessoas e temas”), desta autobiográfica narrativa dialogada (Paulinas, 2014) – para além de um curioso acervo fotográfico (com rostos e situações familiares) e de uma selecção de textos reflexivos, poéticos e teológicos (desde o “Mar”, “Liberdade” e “Concílio Vaticano II” até às belas evocações e sentidas preces ao Espírito Santo e ao Senhor Santo Cristo) –, um simples olhar pelo seu índice temático dá bem conta da riqueza do conteúdo e da pertinência dos depoimentos concedidos!


E é assim que – desde a reiterada e assumida condição existencial do autor (“Incuravelmente um ilhéu” até às suas abordagens e percursos pela “Pastoral das Comunicações”, passando por uma notável rememoração socio-eclesial e histórico-cultural, onde os Açores em geral e a Terceira e Angra do Heroísmo em particular (a vida no Seminário, as paróquias da Sé e da Conceição, os programas no RCA (Rádio Clube de Angra), o saudoso jornal “A União”, os Cursos de Cristandade, etc., etc.) – todas as palavras e as vivências de António Rego ganham nestas páginas e naquilo tudo que elas documentam uma admirável dimensão e novas potencialidades de sentido, tanto como repositório de memórias como sinais de construção do futuro...

– De resto isso acontece, para além do seu intrínseco interesse como testemunhos de várias épocas históricas e de outros tantos conjugados acontecimentos sociais, políticos, religiosos, institucionais e comunicacionais, talvez porque o agora cónego António Rego tenha, como bem viu o actual Patriarca de Lisboa, “aquela maneira açoriana de ser português, homem do mar em qualquer praia a que chegue”, expressa “naquele jeito de comunicar sempre, usando os meios mais sofisticados do modo mais natural; por isso tem e terá sempre os auditórios que quiser ter, porque todos queremos ser tratados como pessoas entre pessoas, [...] multidão dos que o temos como amigo”, modelo de Padre e Jornalista para uma Igreja aberta à Humanidade, mas fiel ao Verbo do seu Senhor.
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Em RTP-Açores:



























"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 05.07.2014):


























e Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2676