sábado, agosto 02, 2014


A Pasteurização Turística 

Nesta época do ano multiplicam-se campanhas de divulgação dos países e regiões cujos patrimónios constituem destinos apelativos para o Turismo, sendo que a maior parte delas envolverá (sob pena de fracasso ou esbanjamento de verbas, trabalhos e ilusões...) toda uma série de políticas, métodos e recursos (públicos e privados), indo da construção da imagem do que se quer fazer ver e vender, até à confluente estruturação e implementação de complexas redes logísticas e de serviços – desde transportes até higiénicos manuseamentos de trens de cozinha... – capazes de viabilizar e sustentar, a todos os níveis da chamada “fileira turística”, consequentes ofertas e credíveis respostas àquilo que serão, em cada caso, os trunfos e as razões de ser dessa cada vez mais mundializada e concorrencial actividade!


– Nada disto é novidade de ouvido (ao menos em feiras, simpósios e bolsas de Turismo, ou nas sofisticadas acções da respectiva literatura e iconografia – desde vaquinhas em rotundas, mergulhos com tubarões ou lides à espera das puas de outra sorte..., passando pelos roteiros que, esses, faltam tanto, por desleixo, ignorância ou bairrismo..., e ainda pela “formação profissional” para agentes e vendedores temáticos, onde nenhum sofisticado meio au point ou PowerPoint carece de encómio.

Porém, continuam a vir à tona das nossas águas, terras e ares de sonho (ou apenas sonhados) múltiplos sinais de impasses e adiamentos que penalizam, desmotivam e levam a inegáveis falências (apesar do arremesso falacioso das estatísticas e do cálculo propagandístico nas contas e coberturas político-financeiras, a par daquelas micro-manigâncias de créditos e fundos bem/mal parados a termo certo)!

– E no meio disto tudo, curtindo mas ladeando por hoje velhos localismos (circuitos, hotéis, restaurantes e “tentações” do resto...)*, só vendo para crer aquela (paga?) publicidade do imaginativo leitinho das vacas açorianas, que – entrementes pastam no jardim – logo pingam bucólica e directamente nas chávenas dos pequenos-almoços dos turistas, na mais ridícula rábula que só a nata jornalística de um luso-marketing, pasteurizado à maneira, conseguiu mungir...
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(*) - Veja-se a referência feita do DI:























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Em Azores Digital:






















“Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 02.08.2014),



























e RTP-Açores:
http://tv2.rtp.pt/acores/index.php?article=37105&visual=9&layout=17&tm=41: