sexta-feira, agosto 29, 2014


AS INSCRIÇÕES SOCIAIS

Na sequência de um tema já visado (*) ­ – e face à recorrência de factos relativos aos “meets” convocados para ajuntamentos e mobilizações na área metropolitana de Lisboa através das redes (e teias…) sociais e de telemóveis –, retomo hoje algumas das perspectivas críticas ligadas a esses tão mediatizados acontecimentos.

– Todavia, mais do que sobre esse complexo fenómeno societário (que todos os dias ganha, ou deveria suscitar, maior atenção e novas premências de observação, estudo, acompanhamento inter-institucional e aprofundada procura de soluções integradas…), tenho aqui um significativo conjunto de textos (opiniões, comentários e pequenos ensaios) sobre os referidos “encontros”, suas origens, contornos, métodos, objectivos e consequências...


Ora – à semelhança dos “rolezinhos” à brasileira e com traços das similares concentrações de “teenagers” nos “centers and shopping malls” norte-americanos –, neste fenómeno, que não é propriamente inédito, de última moda ou novidade (enquanto manifestação grupal de dinâmicas lúdicas juvenis potencialmente conflituais, antes cuja generalização exponencial se vem mimando em certas áreas urbanas e suburbanas...), confluem múltiplos e diferentes factores psicossociais, culturais, sociopolíticos e económicos, a par de valores e práticas que roçam a para-delinquência criminal, os assédios ameaçadores, os prenúncios de insegurança em pessoas e bens, e assim, por isso mesmo, provocam e reclamam acrescidas e consequentes medidas securitárias, algumas geradoras de riscos para a liberdade dos cidadãos, é certo, mas que, a não serem tomadas a devido e proporcional tempo, medida e conta, talvez mais contribuam para a gestação larvar de estados de inquietação, violência e medos colectivos e privados, para cujo tratamento, mais tarde ou mais cedo, o remédio há-de então ser depois pedido a um Estado forte, disciplinador e muito mais policial e policiado, coisa que talvez devesse constituir motivo de prioritária ponderação para alguns pressurosos colunistas e analistas de divã que mais preocupados se tem manifestado com não sei que supostas securitites (sic) estivais, ou com a ausência (real essa, mas não pela mesma via) de espaços de inscrição social (para todas as classes, raças, idades e condições, não será?)!
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"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 30.08.2014):




























e RTP-Açores:
http://tv2.rtp.pt/acores/index.php?article=37340&visual=9&layout=17&tm=41: