sábado, fevereiro 21, 2015


O Pós-Carnaval da Saúde



Não fora possível ter-se visto na RTP-A tão bem apanhada peça pós-carnavalesca como aquela que presenciámos outro dia durante um assombroso debate sobre a Saúde no Arquipélago, apesar – como se tornou mais uma vez evidente – da gravidade do assunto, da complexidade do enredo e do vário talento profiláctico dos protagonistas (conquanto apenas um deles em boa verdade tenha estado à altura – e com que celsitude de desfaçatez... – do papel que nesta quadra lhe assentou que nem perfeita mistura de luva cirúrgica e máscara burlesca para retrato fiel do vigente e peganhento látex governamental em funções).


 – É claro que assim o tema foi digno de emparceirar com os melhores Bailinhos da cessante e já saudosa época do Entrudo, conquanto tenha o dito mote também ali consabidamente motivado contundentes, certeiras e dramáticas alusões (a par de uns lampejos de vista mortiça e vagamente abúlica ou anestesiada, de vagos trejeitos displicentes e de torcidas boquinhas de fraca fluência discursiva, mas bem enfeitados todos com encolheres de desresponsabilizantes e irresponsáveis ombros – que nem à igualha dos Ratões das antigas farsas a tanto havia de lembrar para gáudio de plateias então mais circunscritas a castiços salões ou improvisados recintos de recepção a Danças e Folguedos e Trupes do Rei Momo, porém agora mediaticamente já em transmissão para os quatro bailéus das ilhas ou compulsáveis em registos, actas e gravações de almanaque e assembleia de patranhas...


Todavia, motejos à parte – que a história é dolorosa! – por hoje apenas fica a dúvida sobre qual terá sido a fina cachola (de se lhe tirar chapéu de plumas a toque de pandeiro, quando não por obra de Deus...) que se terá lembrado, nas “urgências” e bailaricos desta governação, de escolher tal secretário “socialista” (Luís Cabral) para tão alevantado (e falhado!) exercício de cargo – e que amanhã lá o segurará por certo, mesmo depois daquele (i)memorial fiasco a toque de sirene e alarme de fundo, sobre o caos e o vácuo reinantes na (des)governança de Cordeiro e na Saúde dos Açores, como excelentemente demonstraram Rui San-Bento, Artur Lima, Luís Maurício e Tiago Lopes, ao fazer-lhes a ficha e a folha político-clínica, num bem preciso, desmascarante e indesmentível diagnóstico pós-carnavalesco!
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RTP-Açores:

























"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 21.02.2015):



























"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 21.02.2015):



























e Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2836:



sábado, fevereiro 07, 2015


As Corridas Demenciais
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A opinião pública açoriana durante esta semana foi tremendamente agitada por uma série de factos e acontecimentos mediaticamente muito relevados e justamente dignos de registo e sinalização, que – no seu conjunto (bem mais integrado e afinal interligado do que à primeira vista possa parecer, e por tudo aquilo que assim directa ou indirectamente os liga e revela de um grave estado de espírito e de toda uma preocupante realidade regional...) – deveriam constituir motivo de urgente e profunda reflexão a todos os níveis!

– Referimo-nos obviamente à polémica que estalou a propósito de um repugnante projecto de “Decreto Legislativo Regional” visando regulamentar espectáculos tauromáquicos; às reacções inter-insulares, especialmente provindas de S. Miguel (v.g. pelas reincidentes e paradigmáticas judiações de Mário Fortuna a propósito do “Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira”), e às patéticas e sucessivas tomadas de posição político-institucionais, partidárias e pessoais sobre a Base das Lajes.


Ora se as primeiras assentam numa inadmissível tentativa (denunciada quanto baste, embora sub-reptícia...) de atropelo a valores e heranças civilizacionais humanistas e a princípios político-jurídicos, histórico-culturais, filosóficos e éticos (quando não até morais!), já as segundas caíram na mais pantanosa esfera dos antagonismos de interesse e na mais descoordenada e envenenada atmosfera que desde há anos vem minando, desacreditando e destruindo a própria viabilidade e a justificação da Autonomia dos Açores tal como o seu vigente modelo a configura!


 – Todavia, no meio desta demencial corrida societária em direcção ao abismo, talvez mereçam, apesar de tudo, menção honrosa, em alternativa e em oposição àquelas manifestações de decadência e apodrecimento, outras nobres tomadas de posição que podem ser sinal de que a vida açoriana não chegou (pelo menos por enquanto...) a um ponto de não-retorno à dignidade da nossa antiga memória colectiva e às históricas aspirações do Povo das nove ilhas do nosso comum Arquipélago.


 E se essa racional e autêntica tradição (feita de sofrimentos, afectos e esperança também!) conseguir resistir às forças contrárias, pode ser que nem tudo esteja ainda perdido de vez...
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Azores Digital:






















RTP-Açores:

























e “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 07.02.2015):