sábado, outubro 24, 2015



Os Distintivos da SATA
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Para quem muito viajou e conviveu com a SATA – com os seus míticos pilotos, aeronaves, tripulações, funcionários e estruturas, pelo meio de descolagens e aterragens, ventos e nevoeiros, esperas e pernoitas, fugas ao caprichoso e às vezes traiçoeiro clima das ilhas –, a relação com essa companhia não é isenta de paixão, expectativas e (des)confianças, num ambivalente círculo de situações e geografias (ainda marcadas por angústias e turbulências “atmosféricas”, poços de ar, cegueira de radares e vórtices que nascem de oscilações conjunturalmente variáveis...).




– Ora neste contexto referira-se o quanto de real e simbolicamente está embarcado no redireccionamento e renomeação da SATA Internacional para Azores Airlines. Assim e atendendo somente ao novel e parabólico design – no momento em que imbróglios e inquirições pendem sobre projectos, dívidas e prestação de contas da empresa! – o que veremos doravante no seu bojo serão sintomáticos e emblemáticos cetáceos (baleias ou cachalotes, para o caso tanto faz).



É claro que desses distintos mamíferos (também ligados à memória e imaginação das fainas, ficções, caçadas, indústrias, sensibilidades e mercados neo-turísticos) muito haveria a expressar e contradizer, atendendo à equivocidade das suas figurações e díspares conotações.


– Deixando porém mais para diante tal exercício de simbologia aplicada, ficaremos hoje apenas na lenda de Jonas e na alegoria do Moby Dick de Melville, mas sem esquecer o paralelo e potencial sentido, disforme e ameaçador, do Leviatã – tudo coisas que os padrinhos e madrinhas da SATA porventura ignoram ou terão descurado, lá pelos subidos ares e fundos mares que os seus aparelhos e máquinas cruzam (certamente com gente conformando-se aos novos esguichos, barbas, entranhas, vísceras e espermacetes daqueles herdeiros dos pássaros da velha companhia), esses que hibridamente voarão para destinos incertos, elegantes mas travestidos ou tatuados com pesados cetáceos, à semelhança do resto que nos rodeia, porém de barbatanas roídas (“caudas de palha”...) e olhos falidos nos abismos (empresariais e não só...) que nos cercam, com os “vigias da baleia” dormindo na falésia...
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Em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 24.10.2015):





























Azores Digital:


















e RTP-Açores (no prelo).