Os Cerrados da Crise (*)
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A anunciada descida do preço do
leite pago aos produtores tem vindo a gerar justificadas apreensões em todas as ilhas
(mormente na Terceira, como é sabido e era expectável!) e a todos os níveis da
vida no arquipélago, por tudo quanto integradamente envolve e implica do ponto de vista
político-económico-financeiro e empresarial, técnico-laboral, socio-familiar e
cultural.
– Esta preocupante situação, a
somar a outras de uma crise global que tem tanto de estrutural quanto de conjuntural,
embora não seja historicamente inédita, tem na sua configuração específica e no
actual quadro da complexa e movediça realidade regional, nacional e internacional,
uma série de contornos e parâmetros que devem ser pensados em conjunto para a
urgente e exigível procura de soluções minimamente consistentes,
consensuais e mobilizadoras, que assegurem, tanto quanto possível, uma saída
clara para este perigoso estado de coisas.
Foto: João Montes Palma (2016)
Desde sempre os Açores viveram sob o signo de modelos produtivos caracterizados pela vigência de ciclos “mineiros” (monocultura predominante ou hegemónica) – trigo, pastel, laranja, pastagem e carne (“monocultura da vaca”), com todas as consequências resultantes de imposições dos poderes estabelecidos (e do acatamento e subordinação aos mesmos!), para mais condicionadas as ilhas por decisivos factores geo-humanos (demografia, emigração, qualificações, mentalidades e hábitos, rotinas ancestrais, socioeducativas e cívicas); sucessivos condicionamentos histórico-políticos, comerciais, industriais, aduaneiros e logísticos; dependências típicas de economias de escala muito restritivas, e (enfim...) sujeições administrativas e territoriais a divisionismos e desequilíbrios internos, abandonos a mercancias nacionais e trocas de favorecimentos diplomáticos, militares e financeiros, numa constitucional adjacência amiúde quase ou para-colonial... –, apesar das mais-valias e valências naturais e antropológico-culturais e dos progressos conseguidos, permanecendo a Região numa plataforma ainda assente em fragilidades grandes, sustentabilidades e narrativas dúbias!
Desde sempre os Açores viveram sob o signo de modelos produtivos caracterizados pela vigência de ciclos “mineiros” (monocultura predominante ou hegemónica) – trigo, pastel, laranja, pastagem e carne (“monocultura da vaca”), com todas as consequências resultantes de imposições dos poderes estabelecidos (e do acatamento e subordinação aos mesmos!), para mais condicionadas as ilhas por decisivos factores geo-humanos (demografia, emigração, qualificações, mentalidades e hábitos, rotinas ancestrais, socioeducativas e cívicas); sucessivos condicionamentos histórico-políticos, comerciais, industriais, aduaneiros e logísticos; dependências típicas de economias de escala muito restritivas, e (enfim...) sujeições administrativas e territoriais a divisionismos e desequilíbrios internos, abandonos a mercancias nacionais e trocas de favorecimentos diplomáticos, militares e financeiros, numa constitucional adjacência amiúde quase ou para-colonial... –, apesar das mais-valias e valências naturais e antropológico-culturais e dos progressos conseguidos, permanecendo a Região numa plataforma ainda assente em fragilidades grandes, sustentabilidades e narrativas dúbias!
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Azores Digital:
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(*) N.A. - Uma segunda versão, revista e aumentada deste texto será publicada em "Diário dos Açores".