sexta-feira, fevereiro 19, 2016


Desafios de uma Entrevista
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A Entrevista que o meu amigo Mário Cabral concedeu à RDP-RTP-A – e à qual o "Diário Insular" (de Angra do Heroísmo) na sua edição da passada sexta-feira deu justificado destaque – constituiu um relevante e significativo momento para a divulgação de um testemunho pessoal e de reflexão partilhada sobre a recente experiência vivida da doença oncológica que atingiu aquele escritor, poeta e professor de Filosofia na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade.


– De resto, quem não conseguiu acompanhar esse trabalho dirigido pelos jornalistas Luciano Barcelos e Armando Mendes, nem pôde ler a citada, alusiva e subsequente reportagem, por certo, como recomendamos, não deixará de o fazer ainda, ou no em breve certamente disponibilizado arquivo de vídeo da TV regional açoriana.


Ora o depoimento de Mário Cabral veio a lume tanto na ocasião em que foram reveladas novas e preocupantes estatísticas sobre a incidência, variedade e prevalência global e específica do Cancro, como também numa altura em que se tem multiplicado nos OCS e nas Redes Sociais toda uma série de registos e narrativas pessoais sobre o impacto que o diagnóstico clínico, o tratamento, os percursos terapêuticos, os efeitos e os desenlaces dessa doença geram nos pacientes e suas famílias, nos profissionais de saúde, nos cuidadores e nos decisores político-sociais, – sendo também esta uma matéria que tem vindo a suscitar crescente atenção e diversificada abordagem no campo das investigações e estudos biomédicos, psicológicos, filosóficos, teológico-pastorais e antropológico-culturais, a par de tematizações confluentes e complementares nos domínios da literatura e das artes.


– Todavia, a Entrevista de Mário Cabral, para além das questões afloradas em resposta proporcionada às perguntas dos dois jornalistas, deixou ainda pendentes muitas outras questões profundas e complexas que merecerão certamente ulterior, sistemático e integrado tratamento crítico, tanto do ponto de vista antropológico-filosófico, ético, psíquico e metafísico, quanto numa perspectiva médico-clínica, socio-assistencial e de prestação de cuidados continuados e paliativos (cuja concepção, operacionalização em rede e extensão integrada continuam leviana e irresponsavelmente dissipadas de modo injusto e dilatório, estruturalmente inabilitado ou pura e simplesmente sujeito às consabidas e desgovernadas improficiências que ameaçam os sistemas de Saúde...). 
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Em Azores Digital:

























"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 20.02.2016):