sábado, maio 14, 2016


Romanesco e Escandaloso
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Publicada pela Esfera do Caos (Lisboa, 2011), a obra Arquivo Secreto do Vaticano, Expansão Portuguesa – Documentação, conforme referi na altura (17.12.2011) – disponível em http://sinaisdaescrita.blogspot.pt/2011/12/do-fascinio-dos-arquivos-secretos-do.html e recentemente retomei aqui no DI (18.12.2015) – reúne documentação sumariada do Fundo da Nunciatura de Lisboa patente no  “Arquivo Secreto do Vaticano”  e relativa ao período da Expansão Portuguesa ao qual podemos chamar de “primeira globalização do Cristianismo na sua forma confessional católica desde a modernidade”.

Sob Coordenação de José Eduardo Franco (JEF), todo esse excepcional Repertório constituiu logo, e mais – como então salientei –  tem podido vir a constituir indispensável instrumento para quem quiser estudar o Catolicismo em Portugal e no Mundo:

– Ler essas fontes documentais, identicamente salientava JEF, é pois encetar “uma aventura de compreensão que deve ser, em primeiro lugar, a missão da construção da história como revisitação do passado, guiada por uma insistente interrogação”.Ora do Tomo I dessa obra, originalmente relativo à Costa Ocidental de África e Ilhas Atlânticas, acaba de fazer-se, como Volume Extraordinário do N.º 65 (2015) do Boletim Eclesiástico dos Açores, um Suplemento (485 páginas) propriamente relativo aos Açores (1691-1919).
– Esta edição-selecta, intitulada A Diocese de Angra no Arquivo Secreto do Vaticano, integra 6115 entradas (datas-limite: 14.08.1813-11.08.1915), nelas constando, como assinala o seu Director (Hélder Fonseca Mendes), “matéria abundante que roça o romanesco e até o escândalo (...).
“As transformações sociais também transparecem no caminho que leva ao laicismo e ao secularismo. Os conflitos entre Bispos e o Cabido também (...).“É impressionante a quantidade de energias que se gasta em torno de quezílias internas”.
– E depois, a designação de “Arquivo Secreto do Vaticano”, aliás já acessível hoje até ao Pontificado de Bento XV (1914-1922), pode realmente remeter o leitor para “um mundo subterrâneo, obscuro, perigoso, duvidoso, inacessível”.Todavia, este catálogo também pode contribuir “para que, de futuro, os investigadores, possam arquitectar e construir uma [outra?] História da Igreja nos Açores”...

– Talvez sem mitos, ou novas mistificações!
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Em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 14.05.2016):