sábado, julho 30, 2016

Agendas, Prenúncios
e Cortinas de Fumo
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Não há muitos anos um jornalista publicava na imprensa terceirense um artigo sobre projectos aeroespaciais e científicos previstos para Santa Maria (assemelhada então a uma ilha de foguetões...). Os tempos passaram e os planos da ESA (Agência Espacial Europeia), envolvendo conhecidas parcerias internacionais, nacionais e regionais, concretizaram-se no Monte das Flores.





– Depois, por via também dessas sofisticadas estruturas conjuntas, com inovações técnicas e tecnológicas de ponta e múltiplo alcance em várias áreas, aparelhos e complexos científico-industriais (que são ainda de monitorização, defesa avançada e vigilância das rotas transoceânicas e planetárias...) os Açores tentaram ganhar novas posições estacionárias (sempre negociais), co-presenças, créditos e prováveis mais-valias decisivas nos actuais e futuros horizontes de envolvimento naqueles domínios.

De resto, segundo informação disponibilizada em Março de 2014 pela própria ESA, quando em Santa Maria foi instalada a nova infra-estrutura terrestre mundial do sistema Galileo – a Galileo Sensor Station – que assim se juntou a uma “vasta rede de estações de monitorização do sinal, intervalos do relógio e posição dos satélites Galileo em órbita da Terra” –, ali passaram a funcionar duas estações (a dita Galileo e a Estrack, estação de seguimento usada para acompanhar lançamentos europeus em Kourou, na Guiana Francesa)...





O local então escolhido, nos Açores, ainda segundo a ESA, cumpria “todos os requisitos para o Galileo: está longe de áreas construídas, é um terreno plano, com boa visibilidade do céu em todas as direções”, tendo as duas estações sido construídas pela empresa portuguesa Edisoft, que faz parte do Grupo Thales...



– E isto, evidentemente, num contexto geoestratégico integrado a que não é alheio o facto dos eixos da política, da diplomacia, da vigilância e da segurança operacional e preventiva europeias e norte-americanas (em reconfiguração sensível) se terem vindo a deslocar cada vez mais para as zonas do Pacífico e do Índico, sem que, contudo, se possam vir a deixar desguardadas ou desguarnecidas as nossas costas e flancos euro-atlânticos (a Norte e a Sul!), na bacia do Mediterrâneo e no norte de África, para além, evidentemente dos tradicionais limes (histórico-civilizacionalmente recorrentes porque quase “naturais” ou permanentes fronteiras “internas” continentais europeias...), – tanto mais quanto os penúltimos desafios e incertezas mundiais (v.g. em todo o Médio Oriente, nesse oscilante triângulo geopolítico, militar e religioso que tem um dos vértices, por estes dias bem afiado... em Istambul/Ancara, e os outros dois no Iémen e em Cabul, atravessando e abraçando portanto Arábia Saudita, Egipto, Israel, Síria, Líbano, Jordânia, Iraque, Kuwait, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Omã, Paquistão e Irão!), e ainda e sempre face ao Terrorismo islâmico e suas mutações tácticas, obrigando a que toda a “reserva territorial” e de “intervenção e projecção de forças” (cada vez mais teleguiadas, rastreadas à distância/proximidade e altamente exigentes em termos de eficiência logístico-electrónica e armadura informática global...) nunca sejam deixadas vazias (ou disponíveis para ocupações adversas ou concorrentes...) enquanto zonas nevrálgicas do chamado Ocidente, ou do que dele pode restar neste perigoso século XXI...


 



Ora a agenda ocidental (europeia e norte-americana) passa por ali e por aqui mesmo, não sendo sequer possível compreender tudo o que decorre destes âmbitos cruciais sem uma percepção integral e integrada de tais conjuntos e multifactoriais cenários de interesse, pensamento e acção, que o resto, com mais ou menos rampas e foguetório provinciano (nacional e regional), nem para cortina de fumo dará!



– Todavia parece que quanto mais carecemos daqueles reforçados e esforçados pensamento e acção, diga-se mesmo de um pensamento esclarecido para uma acção consequente, mais se adensam os sinais de estagnação ou de retrocesso em domínios absolutamente essenciais para a vida sociopolítica, institucional e cultural dos Açores, no contexto específico da nossa capacidade, credibilidade e imagem como Região Autónoma dotada de órgãos de governo próprio, mas carenciada de agentes e actores capacitados e devidamente preparados para perceber e enfrentar os desafios insulares a que estivemos, estamos e estaremos sujeitos no País, na Europa e no Mundo.




Porém, os mais recentes prenúncios, balões de ensaio e recados vindos a lume não auguram nada de bom para os Açores, ou pelo menos não deixam vislumbrar os preocupantes e reais contornos e dimensões dos reptos e expectáveis respostas que de vário modo temos ou (não) teríamos pela frente, tanto no plano propriamente político (partidário, parlamentar, governamental e autárquico...) quanto no campo de um posicionamento mental e institucional claro, previdente e coerente perante questões, propostas e pretensões de previsível (ir)relevância e (des)vantagem regional e nacional para o nosso Desenvolvimento, como sejam aquelas que se prendem com as posições geoestratégicas, logístico-militares e técnico-científicas das ilhas (Lajes, Santa Maria, Flores, Horta e S. Miguel...), com as suas potenciais valências e ganhos, riscos e custos, garantias e salvaguardas (que são também de soberania exclusiva, partilhada ou alienada).



 – Para tanto, e nem falando já em Filosofia Política, Sociologia e Diplomacia, talvez que uma boa dose de “reciclagem” geral ou uma “iniciação” intensiva (conforme as carências e os currículos...) ao estudo da História de Portugal e dos Açores (ou, ao menos, de uma História da Autonomia que conquistámos naqueles recordados anos decisivos que José Andrade, como salientarei noutro texto, bem arquivou na sua tripla, diligente e instrutiva antologia jornalística...) fossem ideias bastante vantajosas para a formação básica e programática de certos próceres, conselheiros e redactores político-partidários que por aí exibem a sua míope, caricata mas arrogante, suicidária e incorrigível nulidade de análise e insensata decisão (quando não ausência de ética política, cujos valores aliás desconhecem ou não toleram...).


Assim, nestes tempos de calmaria (aparente), por entre uns banhos de sol e mar, nesta “silly season” que já quase ultimou as listas (e que lindo rol!) de candidatos às próximas eleições regionais de Outubro – todas bem demonstrativas daquilo que certos líderes, militantes e serventuários, para todo o rapace serviço, são capazes –, é só esperar um pouco para vermos no que darão as modas e suas rodas!


– A eles e elas voltaremos, enquanto circos estivais e festanças vão montando a sua tenda nos arrabaldes da nossa proverbial “autonomia democrática”, para depois desfilarem novamente nas cidades, vilas e freguesias ilhoas com as suas trupes de trapezistas, ilusionistas, contorcionistas, palhaços e outros artistas que tais, pelas pistas e arenas do costume.
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Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 30.07.2016):



























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Publicações/versões parciais deste texto:
“As Pistas e a Tendaem Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=3174:



























e “A Tenda e as Pistas”, em “Diário Insular”, Angra do Heroísmo, 30.07.2016:




As Pistas e a Tenda
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Parece que quanto mais carecemos de pensamento esclarecido para acção consequente, mais se adensam sinais de estagnação ou retrocesso em domínios essenciais para a vida da Terceira e dos Açores, no contexto da nossa capacidade, credibilidade e imagem como Região Autónoma dotada de órgãos de governo próprio, mas carenciada de agentes e actores capacitados e devidamente preparados para perceber e enfrentar os desafios insulares a que estivemos, estamos e estaremos sujeitos no País, na Europa e no Mundo.


 Porém, os mais recentes prenúncios, balões de ensaio e recados vindos a lume não auguram nada de bom para os Açores, ou pelo menos não deixam vislumbrar os preocupantes e reais contornos e dimensões dos reptos e expectáveis respostas que de vário modo temos ou (não) teríamos pela frente, tanto no plano propriamente político (partidário, parlamentar, governamental e autárquico...) quanto no campo de um posicionamento mental e institucional claro, previdente e coerente perante questões, propostas e pretensões de previsível (ir)relevância e (des)vantagem regional e nacional para o nosso Desenvolvimento, como sejam as posições geoestratégicas, logístico-militares e técnico-científicas das ilhas (primeiramente das Lajes!), com as suas potenciais valências, riscos, custos, garantias e salvaguardas...


 – Para tanto, e nem falando já em Filosofia Política, Sociologia e Diplomacia, talvez que uma boa dose de “reciclagem” geral ou uma “iniciação” intensiva (conforme as carências e os currículos...) ao estudo da História de Portugal e dos Açores (ou, ao menos, de uma História da Autonomia que conquistámos naqueles recordados anos decisivos que José Andrade, como salientarei noutro texto, bem arquivou na sua tripla, diligente e instrutiva antologia jornalística...) fossem ideias bastante vantajosas para a formação básica e programática de certos próceres, conselheiros e redactores político-partidários que por aí exibem a sua míope, caricata mas arrogante, suicidária e incorrigível nulidade de análise e insensata decisão (quando não ausência de ética política, cujos valores aliás desconhecem ou não toleram...).


 Assim, nestes tempos de calmaria (aparente), por entre uns banhos de sol e mar, nesta “silly season” que já quase ultimou as listas (e que lindo rol!) de candidatos às próximas eleições regionais de Outubro – todas bem demonstrativas daquilo que certos líderes, militantes e serventuários, para todo o rapace serviço, são capazes –, é só esperar um pouco para vermos no que darão as modas e suas rodas!

– A isso voltaremos, enquanto circos estivais e festanças vão montando barraca nos arrabaldes da dita “autonomia democrática”, para depois desfilarem pelas pistas do costume, com suas trupes de trapezistas voadores, ilusionistas de cartola, contorcionistas, “partenaires” e demais artistas!


 No caso da nossa Praia da Vitória, “armar tenda” em areias movediças, e que apenas a outros serviram, nunca deu “bom número”, nem sequer para alívio das tristezas na bilheteira...

Bring in the clowns?
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Em Azores Digital:




A Tenda e as Pistas
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Quanto mais carecemos de pensamento esclarecido para acção consequente, mais se adensam sinais de estagnação ou retrocesso em domínios essenciais para a vida da Terceira e dos Açores, no contexto da capacidade e imagem desta Região Autónoma (dotada de órgãos de governo próprio mas carenciada de agentes e actores preparados para perceber e enfrentar novos desafios insulares)!

Por isso, os recentes prenúncios e recados propagandeados não auguram nada de bom e não deixam vislumbrar os reais contornos e dimensões dos reptos e expectáveis respostas que temos pela frente, tanto na área político-partidária quanto no plano de um posicionamento mental e institucional claro, previdente e coerente perante questões de relevância e (des)vantagem para o nosso Desenvolvimento, como sejam as posições geoestratégicas, logístico-militares e técnico-científicas das ilhas (primeiramente das Lajes!), com as suas potenciais valências, riscos, custos, garantias e salvaguardas...

Para tanto, pois, talvez que uma boa “reciclagem” ou “iniciação” à Política, à Diplomacia e à História (ao menos à História da Autonomia que conquistámos naqueles anos decisivos que José Andrade arquivou na sua diligente antologia) fosse vantajosa para a formação de próceres, conselheiros e redactores político-partidários, alguns já em debandada de campo, que por aí exibem a sua míope, caricata mas arrogante, suicidária e incorrigível nulidade.

– Ora nesta quadra da “silly season” que ultimou listas às próximas eleições – lindo rol, e bem demonstrativo daquilo que líderes, militantes e serventuários para todo o rapace préstimo somente são capazes! –, é esperar para ver... A isso voltaremos, enquanto circos estivais e festanças vão montando barraca nos arrabaldes da dita “autonomia democrática”, para depois desfilarem pelas pistas do costume, com suas trupes de trapezistas voadores, ilusionistas de cartola, contorcionistas, “partenaires” e demais artistas!

No caso da nossa Praia da Vitória, “armar tenda” em areias movediças, e que apenas a outros serviram, nunca deu “bom número”, nem sequer para alívio das tristezas na bilheteira...

Bring in the clowns?
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Em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 30.07.2016):