quinta-feira, dezembro 10, 2009

LITERATURAS UNIVERSAIS



OS GRANDES LIVROS
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A ideia de ministrar-se em Portugal e na Universidade Católica Portuguesa um Curso sobre os Grandes Livros da Humanidade nasceu de um projecto pensado por João Carlos Espada (director do Instituto de Estudos Políticos da UCP) e concretizado por Anthony O’Hear – professor de Filosofia na Universidade de Buckingham, director do Royal Institute of Philosophy e editor da revista "Philosophy" –, antigo visiting professor da Fundação Gulbenkian naquela Universidade portuguesa, onde, entre o Outono e a Primavera de 2004-05, leccionou uma Cadeira que tinha por temática "A Tradição dos Grandes Livros" e cujas aulas vieram precisamente a constituir o conteúdo de um livro agora acabado de lançar pela Alêtheia Editores.


– O texto, declaradamente escrito com grande e justificado entusiasmo, pretende servir de roteiro iniciático ou primeiro mapa de leitura para um sugestivo e motivador contacto com os autores clássicos seleccionados, de modo a que os leitores possam conhecer e apreender as grandes obras ali referidas "com satisfação e deleite, para além de aprenderem com a visão, as intuições e a sabedoria nelas contidas", sem esquecer ainda "a maneira como certas obras da tradição influenciam outras obras posteriores, sendo continuamente referidas nelas, [e] muitas vezes de uma forma que permite compreender cada vez melhor as obras anteriores", – e vice-versa, ressalte-se aqui, com certeza, e nalguns casos até por maioria de confluentes ou difluentes horizontes temáticos, literários e existenciais – conforme aliás poderíamos deduzir de outros Cânones…, ou articular com a abordagem da famosa angústia da influência do também "canonista" literário Harold Bloom (muito conhecido apologista shakespeariano de José Saramago…) –, ou ainda por outras mais avantajadas razões e demais entendimentos histórico-críticos, hermenêuticos e exegéticos que andam por aí a par de outras afins lacunas de familiaridade e vivência civilizacional sólida, marcando o paradigmático "caos da vida corrente" em que vegetamos e nos afundamos geração após geração, e cuja clamorosa e fatídica ausência secular por esse País fora e por esta Região adentro são o pão nosso de cada dia na Cultura, na Educação e até na Religião!


Resta dizer que nesta obra, de leitura acessível e de vigor mediano, de Anthony O’Hear – Os Grandes Livros, da Ilíada e da Odisseia de Homero até ao Fausto de Goethe – uma viagem afinal por 2500 Anos de Literatura Clássica, passando por Platão, Virgílio, Ovídio, S. Agostinho, Dante, Chaucer, Shakespeare, Cervantes, Milton, Pascal e Racine –, lá encontraremos ainda o nosso Camões, de quem o Prof. O’Hear afirma possuir "um agnosticismo profundo, que talvez não devesse ser analisado em termos exclusivamente cristãos".



– E assim, também aqui, a questão, como se vê, não é nem tão antiga nem tão pouco polémica como a outra tão em voga nas pedregosas e transtemporais sendas de Caim