sábado, outubro 15, 2016


Nobel e Poéticas de Dylan




A atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Bob Dylan terá constituído relativa mas generalizada surpresa, tanto pelo perfil do premiado como pelo carácter da obra reconhecida e anunciada como “tendo criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção Americana”. 


– Cantor e poeta nascido em 1941, Robert Allen Zimmerman distinguiu-se como guitarrista em bandas liceais de rock’n’roll na sua terra natal (Tuluth, Minnesota), vindo depois a ser atraído pela poesia neo-romântica, modernista e surrealista de Dylan Thomas (1914-1953) – daí o seu nome artístico –, e pela folk music de estro popular, multi-étnico e social de Woody Guthrie (1912 -1967), referências que manteve ao longo da sua notável carreira de compositor, escritor e intérprete.




Como seria de esperar, e apesar de ser rica a lista de romancistas, poetas e ficcionistas alternativamente nomeáveis (ou merecidamente distinguíveis em outros géneros, estilos, línguas e países), em todo o mundo não se fizeram aguardar reacções e comentários (alguns reservados ou discordantes, porém na maioria concordantes e laudatórios), não faltando músicos consagrados (Leonard Cohen, por exemplo), escritores (Joyce Carol Oates ou S. Rushdie) e credenciados académicos que complementaram as asserções de Sara Danius, secretária permanente da Academia Sueca, ao defender a filiação de Dylan não só em tradições anglo-saxónicas (Milton e Blake) quanto ainda e mais remotamente numa paradigmática conjugação de escritas e oralidades literárias, artísticas e musicais que remontariam a Homero e Safo (evocados para defesa de tese).





 – Em Portugal também não passou inobservado este Nobel da Literatura, tendo sido sugestivas as apreciações aos seus múltiplos significados, apesar da conhecida e constatada ausência, entre nós, de vivências directas e de abordagens aprofundadas ou mais sistemáticas sobre a plurifacetada personalidade de Bob Dylan e sua heterogénea obra, desde os anos 60 do século passado até hoje, nos múltiplos contextos sociais, ideográficos, estéticos e expressivos da génese, evolução e influência das memoráveis e inspiradoras criações desse controverso ícone (contra)cultural de The Times They Are A-Changin’, moderno trovador laureado em 2012 com a “Medalha da Liberdade” dos USA, pelo cessante presidente Obama...


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Em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 15.10.2016):



























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