sábado, março 29, 2014



Primores e Cardos da Terceira


1. A cerimónia de Homenagem ao Padre Manuel Coelho de Sousa, com a atribuição que lhe foi feita, a título póstumo, da Medalha de Honra do Município de Angra do Heroísmo, constituiu marcante e muito significativo acontecimento, embora por bem díspares motivos, conforme tem sido referido e também – em boa oportunidade – foi corajosamente escrito e felizmente registado aqui no “Diário dos Açores”(1), em textos que igual e inteiramente subscrevo, tanto por Dionísio Sousa como por Cláudia Cardoso.

Na verdade, – pelo conteúdo das Conferências proferidas (que reconhecida e mutuamente se complementaram em conteúdo temático, perspectiva de estudo e desenvolvimento dos núcleos mais relevantes e profundos da Obra e da Vida de Coelho de Sousa; – pelo louvável empenho que a Câmara de Angra colocou na organização e realização do evento; e, enfim, pelo envolvimento e carinhosa presença que a Vila de S. Sebastião e o esmerado e bonito Coro da sua Santa Casa da Misericórdia artisticamente levaram àquela cerimónia no Salão Nobre dos Paços dos Concelho de Angra, não poderia eu deixar de fazer nova referência a tal acontecimento, para registo dos feitos, defeitos e desfeitas do nosso quotidiano terceirense e açoriano...


 – De resto e assim, para além da recomendação que vivamente faço da leitura integral e da reflexão urgente que o depoimento de Dionísio Sousa deve suscitar, aqui cito ainda as exemplares palavras de Cláudia Cardoso a propósito do mesmo despautério que todos presenciámos: 

“Esta cerimónia (...) Valeu por si, pela justíssima homenagem, mas de facto, surpreendeu pelas ruidosas ausências, demasiadas e injustificáveis, que não explicam nada. Só denunciam uma apatia social grave e uma demissão institucional completamente inaceitável. O governo, a igreja, o jornalismo, a sociedade civil, a quem o homenageado serviu durante tanto tempo, estiveram ausentes. Isto não se explica, constata-se, e lamenta-se...”!


2. Várias foram as homenagens anteriormente prestadas ao Padre Coelho de Sousa na sua dilecta e natal Vila de S. Sebastião (onde nasceu a 30.09.1924), mas também ali na mesma Câmara que, em 2001, lhe concedera o título de Cidadão Honorário de Angra do Heroísmo, atribuindo-se na ocasião o seu nome a uma Rua daquela Vila, na mesma altura em que foi inaugurado um Monumento-Busto em sua memória, – tudo integrado num Programa Cultural e Artístico, ao qual o jornal “A União” se associou com a publicação de um Suplemento Especial sobre o seu antigo Director, já lá vão 13 rápidos anos...


Porém, anteriormente, em 1988 haviam já sido assinalados os 64 anos de vida do Padre Coelho, 4 décadas do seu Sacerdócio e 25 anos de trabalho pastoral naquela então freguesia e Paróquia onde ele fora colocado em 1963 (e onde exerceu até à morte, no dia 2 de Setembro de 1995, com 71 anos). Para trás foram entretanto ficando sucessivas etapas e marcos da sua vida:




– A infância rural, com a família, em S. Sebastião, e os primeiros contactos com esse pequeno mundo circundante, laboral e socialmente polarizado a meio caminho entre Angra e a minha antiga Praia da Vitória (aquela mesma que lhe pedi recordasse, como solidariamente o fez em 1982, para os nossos primeiros números do “Jornal da Praia”); os estudos eclesiásticos e a Ordenação Sacerdotal em 1948; a profícua e marcante docência de Língua Portuguesa no Seminário Maior da nossa Diocese, durante quatro anos; a ida para Espanha, a frequência do Curso e o Bacharelato em Filologia Românica na Universidade de Salamanca, entre 1951-53; o antecipado e definitivo retorno, por razões de saúde, à Terceira; a Capelania em S. Rafael (em 54) e a chefia da redacção em “A União”, desde 1956 até 63; a leccionação no Seminário-Colégio dos Padres Damião, na Praia da Vitória, e mais tarde no Liceu de Angra, hoje Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade; por fim, o regresso ao jornal “A União”, primeiro coadjuvando Monsenhor José Machado Lourenço, entre 1976 e 1978, data em que assumirá, até 1994, o cargo de Director daquele venerável, histórico-informativo, cultural, doutrinal, eclesial e tão fecundo vespertino diocesano (recentemente e em muito má hora irresponsavelmente extinto)... 

E foi até naquela tão difícil época do pós-25 de Abril, coincidindo com os finais do politicamente chamado “Verão Quente”, com a primeira estabilização constitucional portuguesa e com o arranque das labutas para a primaveril consolidação da Autonomia Regional, que Coelho de Sousa, escreveu e proclamou, de novo e em coerência constante, o seu recorrente posicionamento de valores e os seus permanentes e indomáveis ideários de missão de formar e informar:

– “Servirei respeitando as autoridades legitimamente constituídas. Livre de qualquer pressão interna ou externa de governos, movimentos ou partidos, grupos ou qualquer outra força impositiva ou interesseiramente paternalista. Servirei pelos direitos e deveres que se deduzem do Evangelho e da doutrina actual da Igreja, rectamente interpretados. Servirei pelos Direitos do Homem, a Constituição da República e a Lei de Imprensa, que aqui e agora nos conferem”.


3. Pregador, Orador, Escritor, Professor, Artista e Jornalista – com quinze variadas e múltiplas facetas de valência, na contagem recente de Dionísio Sousa... –, talento de reconhecidos méritos portanto, Coelho de Sousa levou a sua palavra tocante a púlpitos, encontros de espiritualidade e tribunas de todo o Arquipélago, do País e das nossas Comunidades imigradas, que visitou com apreço e dedicação atenta, conforme está documentado num seu belo livro de Crónicas de Viagem (Na Rota da Emigração Amiga, publicado em 1983).


 – Ora na cerimónia de Homenagem a Coelho de Sousa que venho referindo, tive grata ocasião de recordar várias das suas dimensões existenciais, sociais e poéticas, mas não pude deixar de terminar aquela evocação saudosa e grata como se a sua viva imagem nos estivesse, entre tantas outras, tão presente como dantes:

– Agora, vejo-o e logo o reconheço, ali na Praça, junto ao Império da Vila de S. Sebastião, pintando e desenhando hinos em cor e traço e devoção ao Senhor Espírito Santo das Ilhas dos Açores, para que nos sejam dados sempre o Pão e o Vinho da abundância do Coração e da fraternidade da Paz! E como nas invocações de outrora, fechei então, e encerrarei do mesmo modo o meu álbum de reminiscências...


– Não tenho a certeza, mas parece-me que o Padre Coelho, com a chegada da Primavera, ainda lá irá mais algumas vezes, acenando de longe, um pouco vaidoso e sorridente para os amigos e confidentes que o escutaram, nele confiaram e o quiseram homenagear, mas também, distantemente triste e ofendido com os que dele maldisseram, o menosprezaram ou o esqueceram em vida e na própria morte... –, porém a todos convidando a olhar com olhos de ver, dando, recebendo e partilhando na comum e frágil humanidade de todos, como ele escreveu, “as flores dos jardins de Deus”...

______

(1) Cf. "Diário dos Açores" de 28.03.2014):















_______________________

Publicado em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 29.03.2014): 






















Outra versão em Azores Digital:



















RTP-Açores:


















e "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 29.03.2014):

 

segunda-feira, março 24, 2014



A Regionalização da Fome


A Semana da Cáritas foi este ano motivada pelo tema “Unidos no Amor, Juntos contra a Fome”. Trata-se, sem dúvida, de um problema duplamente perspectivável, com o qual se pretendeu focar o crescente e dramático fenómeno da Fome!


Aliás, como aqui escrevemos há poucos meses – e nunca será de mais recordar... –, já na Mensagem do Papa destinada à Caritas Internacional e à “Campanha contra a fome no mundo”, lançada por esta organização e desenvolvida em unidade com as suas 164 filiadas em 200 países e territórios, fora salientado ser um escândalo mundial estarmos ainda – ou, talvez melhor, já hoje – perante a existência de quase mil milhões de pessoas que passam fome, sendo esta uma realidade à qual “não podemos virar a cara para o lado”, fingindo que não existe

Este flagelo – atingindo agora também largas camadas da classe média caída ou retornada a uma vida pobre e faminta de tudo – fora profeticamente abordado em macro-dimensão objectiva pelo médico, político e professor universitário brasileiro Josué de Castro na sua memorável Geografia da Fome (1946), reforçando-se aí a ideia de que a Fome não se resolve apenas, nem sequer principalmente, com “esmolas de caridade” nem com lenitivas “assistências sociais”, apesar destas serem tão necessárias e urgentes hoje como o foram em violentos tempos de guerra, ou durante séculos de opressivo subdesenvolvimento, vil exploração e opressiva penúria!


– Esse livro marcou indelevelmente gerações de homens de Estado e políticos de Consciência, tal como Adriano Moreira que recentemente tornou a afirmar a propósito de um oportuno inquérito da RTP sobre livros e leituras marcantes ter sido a obra de Josué de Castro aquela que escolheria entre várias, na medida em que “mais tem a ver com a situação trágica, que se agrava diariamente, nesta Europa que governou o mundo, e no país que é nosso e sofre as consequências do novo-riquismo que se foi sobrepondo às diferenças ideológicas invocadas durante meio século de Guerra Fria”, – citando de seguida um Nobel de Literatura (Pearl Buck) que analogamente confessara assim ser aquele “o livro mais encorajador, mais esperançoso e mais cordial” que já lera em toda a sua vida: “ler este livro tão expressivo, tão claro em seu pensamento, tão racional na exposição dos factos científicos, tão sábio em suas sugestões acerca de novas formas de conhecimento, é encontrar uma renovada esperança para a humanidade”.

 “ Todavia – mais ressaltou Adriano Moreira, remetendo também para as investigações do teólogo Hans Kung e para a chamada “nova evangelização” do Papa Francisco – nesta crise que globalmente se agrava (...), não pode ignorar-se a responsabilidade que governanças ineficazes e mal esclarecidas assumiram pela situação a que a população, com dimensão crescente no globo, agora também entre os ocidentais, foi conduzida, porque as vozes encantatórias capazes de movimentar o esforço cívico das sociedades civis foram caladas por uma teologia de mercado sem paradigma ético reconhecido”.
E em Portugal, concluía aquele distinto professor em consequência, perante as “notícias sobre a validade da ciência em que se baseia a imposta política de austeridade, e a fadiga tributária que atinge a sociedade civil, convém não esquecer que anteriores às obrigações perante a troika existem sérias obrigações internacionais a que o Estado português também está obrigado”...

– Manifestação pois de um profundo e escandaloso desequilíbrio, quando não de absoluta negação ou desfalque dos mais elementares Direitos do Homem, a Fome, tal como a Pobreza (mas ultrapassando-a no grau de desumanidade e desumanização que revela e concretiza), não é todavia já um acontecimento afastado de nós, visível ou audível como lancinante grito ou eco à distância de continentes, paragens inóspitas, áridas zonas vagamente tribais, ou em metrópoles empestadas, longínquos redutos e periferias de si mesmas nos subúrbios da Terra. (1)

 

Mas de facto, não é esta a sofrida realidade, nem a feição daquilo que nos atinge de perto, qual calvário de amarguras e carências à porta, nas ilhas e redondezas das nossas habitações e habituações..., pese embora o que não há muito tempo vimos e ouvimos na ALRAA ainda a este propósito da Fome, da problemática do rendimento escolar dos estudantes açorianos e da relação que o processo de aprendizagem e desempenho dos nossos alunos possa ter (como é mais do que sabido que efectivamente também tem!) com a problemática dos hábitos de alimentação e das respectivas e integrantes possibilidades e práticas de nutrição.


– E isto, como então salientei, apesar da seriedade deste mesmo tema da Fome ter podido constituir uma boa oportunidade para se ter ali mostrado mais dignidade, competência, compostura e até mesmo alguma exigível fidelidade ideológica e ética, perante fenómenos e factos cada vez mais indesmentíveis (conquanto complexos), e perante princípios e valores intocáveis, cujo esquecimento ou falsificação não podem, em circunstância alguma, continuar a ser levianamente aceites, quando não pura e simplesmente subtraídos à evidência gritante também nos Açores, sejam lá quais forem os defensivos ou agressivos pretextos trazidos à riça político-partidária, institucional ou outra de parecido e intencional jaez...


Ora nos Açores – e porque a situação é crescentemente alarmante, como, entre outros tem sido bem mostrado pela Cáritas diocesana (na Terceira e em S. Miguel), e pelos sempre tão frontais testemunhos de Mons. Weber Machado –, na passagem destes dias muitas foram as campanhas, debates, programas e justas denúncias a que tornámos a assistir, sendo que tais acções de sensibilização foram oportunidade para novos alertas e revelações, apresentação de dados estatísticos e comprovação de degradantes e vergonhosos impasses corajosamente trazidos a maior visibilidade, infelizmente porém tantas vezes por entre ignorâncias políticas intencionais, cumplicidades sistemáticas e escamoteamentos socio-estruturais, alguns até aceites com complacência cúmplice, quietação espiritual, alienação ética, cegueira histórica e desculpabilização religiosa, comunicacional e socialmente acomodadas!
________
(1) Segundo as indicações do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2013 sobre rendimentos do ano anterior, 18,7% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2012, mais 0,8 p.p. do que em 2011 (17,9%).



A taxa de risco de pobreza das famílias com crianças dependentes foi de 22,2% em 2012, aumentando novamente a desvantagem relativa face ao valor para o total da população residente. As taxas de risco de pobreza mais elevadas foram estimadas para os agregados constituídos por um adulto com pelo menos uma criança dependente (33,6%), por dois adultos com três ou mais crianças (40,4%) e por 3 ou mais adultos com crianças (23,7%), que ao longo da série enfrentam pela primeira vez um risco de pobreza superior ao das pessoas que vivem sós (21,7%).
O risco de pobreza para a população em situação de desemprego foi de 40,2% em 2012, com um aumento de 1,9 p.p. face ao ano anterior, e a proporção da população com menos de 60 anos que vivia em agregados familiares com intensidade laboral per capita muito reduzida aumentou 2,0 p.p., de 10,1% para 12,2% em 2012.
A assimetria na distribuição dos rendimentos entre os grupos da população com maiores e menores recursos manteve a tendência de crescimento verificada nos últimos anos.

Cf. texto integral do Relatório do INE, aqui:

__________________

Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 25.03.2014):








domingo, março 23, 2014




Um Leitor dos Sinais da Fé


1. No passado dia 12, vitimado por um aneurisma da aorta abdominal, faleceu D. José da Cruz Policarpo, Cardeal e XVI Patriarca (Emérito) de Lisboa (a cuja titularidade, assumida em 1998, resignara em 2011 por limite de idade). Irmão mais velho dos nove filhos de um casal de agricultores, nascera a 26.02.1936 (Alvorninha, Caldas da Rainha, Leiria), tendo estudado Filosofia e Teologia em Santarém, Almada e no famoso Seminário dos Olivais, onde depois seria Reitor (1970-1997).

– Sacerdote em 15.08.1961; director (1961-66) do Seminário de Panafirme (Torres Vedras); Bispo (Auxiliar) de Lisboa (1978) e Cardeal em 2001, José Policarpo foi Professor de Teologia na Universidade Católica (UCP) desde 1970, Magnífico Reitor (1988/92 e 92/1996) e seu Magno Chanceler desde 1996.


2. Em Roma, onde viveu (1966-70), licenciou-se em Teologia Dogmática (com a Dissertação: Teologia das Religiões Não-Cristãs, 1968) e doutorou-se (1970) pela mesma Pontifícia Universidade Gregoriana com uma inovadora e importante Tese (“Sinais dos Tempos” – Génese Histórica e Interpretação Teológica, publicada em 1971 pela Editora Sampedro), que é reconhecidamente uma abordagem temática de “rara qualidade, tanto na parte positiva como na parte sistemática”.

– Nesse último e referencial trabalho, que mantém pleno interesse teológico, socio-pastoral, sociológico e filosófico, aborda e refaz o seu autor tanto a génese histórica, com um duplo critério de ordem cronológica e ideológica, da evolução da famoso Esquema XIII e da Gaudium et Spes, quanto os principais aspectos da obrigação de interpretar os sinais dos tempos: “justificação teológica dessa possibilidade, à luz das relações entre salvação e história; os problemas postos pelo discernimento desses sinais; as implicações práticas na vida da Igreja e dos cristãos”.

De resto, aquele mesmo tema dos “sinais dos tempos” – que vinha despertando reflexão em Portugal, como se comprova nomeadamente pela edição, também pela Livraria Sampedro (Lisboa, 1969), da obra A Igreja no Mundo de Hoje, traduzida por Manuel do Carmo Ferreira e que incluía notáveis Comentários àqueles Documentos, por conhecidos teólogos da craveira de Karl Rahner, Chenu, Schillebeeckx, Dondeyne, Calvez, Dubarle, etc. –, continua, a todos os níveis, sendo cada vez mais actual e urgente com vista ao seu discernimento e em simultâneo tanto para uma observação objectiva da História como para a sua real e efectiva transformação libertadora, tal qual D. José Policarpo acentuara da primeira:

– “A primeira condição para poder interpretar os sinais dos tempos, é ter o sentido da objectividade histórica. Todo o discernimento deve necessariamente começar por uma observação paciente e uma análise rigorosa dos acontecimentos e fenómenos humanos, que é preciso captar na sua objectividade de realidades terrestres. É preciso inventariar o mais exaustivamente possível os fenómenos observáveis sociologicamente, fenómenos que, sem serem necessariamente universais, sejam suficientemente generalizados para poderem ser característicos de uma época. Este sentido da objectividade histórica é absolutamente necessário para uma verdadeira interpretação dos sinais dos tempos”...


3. Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (1999-02, 2002-05 e 2011-2014), tendo pertencido ainda ao Conselho Pontifício da Cultura, Congregação de Educação Cristã e Conselho Pontifício para os Leigos, D. José Policarpo era detentor de sólida Cultura teológica e filosófica, fé e inteligência da fé inabaláveis, solicitude pastoral e capacidade de diálogo (recordo o seu notável diálogo crítico com Eduardo Prado Coelho...), atributos bem comprovados nas causas, missões e projectos que abraçou na Igreja e no nosso País, e cujos princípios e delineamentos doutrinais, eclesiais, socioculturais e teórico-práticos (com “verdadeiro valor teológico tanto para a teologia histórica como para a teologia sistemática”) estiveram sempre bem marcados e assim foram logo justamente reconhecidos em 1970 pelos seus orientadores jesuítas (R. Latourelle e F. Pastor)!

– Por tudo isso, por ter sido meu estimado Reitor na UCP e presidente da sua então Superior Congregação (à qual pertenci, durante dois anos lectivos, em eleita representação dos colegas do nosso Curso de Filosofia), mas depois também pelas memoráveis I Jornadas de Solidariedade Social dos Açores (1991) – nas quais, entre outros, com Francisco Pimentel (então director regional da Segurança Social e seu principal promotor), Adelaide Batista, Álamo Oliveira, António Rego, Armando Leandro, Bagão Félix, Cinelândia Cogumbreiro e Sousa, Conceição Estrela, Daniel de Sá, Fernanda Mendes, Fernando Campos, José Hermano Saraiva, Manuela Eanes, Margarida Moniz, Piedade Lalanda, Reis Leite e Vítor Melícias, estivemos então novamente juntos e em frutuoso diálogo aqui em Angra do Heroísmo –, recordo-o hoje com saudade, respeito e admiração institucional, gratidão académica e a muita estima que guardo da sua obra cultural, do seu pensamento intelectual e da sua própria pessoa.

E depois, por estes dias de memória e despedida, como dele tão profundamente disse Eduardo Lourenço, concorde-se ou não com tudo o que defendeu ou problematizou na Sociedade e na Igreja em Portugal, D. José da Cruz Policarpo, independentemente de ser um homem de Fé (ou talvez, digo eu, por isso mesmo) – “e ninguém ficará insensível à reiteração sentida e grave dela”... – foi um homem de escolha:

– “Da única que, para ele, recebe esse nome: a irreversível, aquela que só uma aposta transcendente explica e só o Amor legitima. Aquela que encerra alguém na redoma de Deus”!
_________________

Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 22.03.2014):






















e "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 23.02.2014):


sábado, março 22, 2014



As Penúrias da Fome


A Semana da Cáritas foi este ano motivada pelo tema “Unidos no Amor, Juntos contra a Fome”. Trata-se, sem dúvida, de um problema duplamente perspectivável, com o qual se pretendeu focar o crescente e dramático fenómeno da Fome!


– Manifestação de um profundo e escandaloso desequilíbrio, quando não de absoluta negação ou desfalque dos mais elementares Direitos do Homem, a Fome, tal como a Pobreza (mas ultrapassando-a no grau de desumanidade e desumanização que revela e concretiza), não é todavia já um acontecimento afastado de nós, visível ou audível como lancinante grito ou eco à distância de continentes, paragens inóspitas, áridas zonas vagamente tribais, ou em metrópoles empestadas, longínquos redutos e periferias de si mesmas nos subúrbios da Terra...


De facto, não é esta a sofrida realidade, nem a feição daquilo que nos atinge de perto, qual calvário de amarguras e carências à porta, nas ilhas, redondezas das nossas habitações e habituações...


– Ora na passagem destes dias muitas foram as campanhas, debates, programas e justas denúncias a que assistimos, sendo que tais acções de sensibilização foram oportunidade para novos alertas e revelações, dados estatísticos e degradantes e vergonhosos impasses corajosamente trazidos a maior visibilidade, conquanto por entre ignorâncias políticas intencionais, cumplicidades sistemáticas e escamoteamentos socio-estruturais, alguns até aceites com complacência, apaziguamento, alienação ética, cegueira histórica e desculpabilização religiosamente acomodada!


Este flagelo, atingindo agora também largas camadas da classe média caída ou retornada a uma vida pobre e faminta de tudo, foi profeticamente abordado em macro-dimensão objectiva por Josué de Castro na sua memorável Geografia da Fome (1946), reforçando-se aí a ideia de que a Fome não se resolve apenas, nem sequer principalmente, com “esmolas de caridade” nem com lenitivas “assistências sociais”, apesar destas serem tão necessárias e urgentes hoje como o foram em violentos tempos de guerra, ou durante séculos de opressivo subdesenvolvimento, vil exploração e opressiva penúria...
________________
Em "Azores Digital":


















RTP-Açores:


















e "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 22.03.2014):








segunda-feira, março 17, 2014



BAIRRISMO E RESPONSABILIDADE


Tem os últimos dias sido marcados por inusitada – conquanto não inédita nem surpreendente, nem sequer imprevisível... – onda de serôdio bairrismo (tomado o conceito e sua tradução prática no pior sentido).


 – Todavia, a par desse escorregadio e viciosamente escamoteado terreno ilhéu – que excede os inocentes remoques com os quais outrora, como ironizava Vitorino Nemésio, “entretínhamos a nossa concorrência humaníssima nos penhascos”... –, também não faltaram, nos diversos e antagónicos flancos feridos desta envenenada contenda, tanto razões fundamentadas quanto meras sensibilidades epidérmicas (muitas delas de pouco servindo a não ser para iludir o fundo da questão, à beira de precipícios e despudoradas retóricas corporativas, com as quais aliás se procurou enganar tolos com percentagens e bolos, enquanto a outros, ingénuos ou inocentes úteis, se pretendeu colocar bibes ou antolhos para lides espicaçadas à força de falácias, contas (des)afortunadas ou tabuadas combinadas só para estratégica redistribuição de traficâncias, prebendas, subsídios, cargos, assentos, representações e outros jobs para boys & leggy girls deste insular regime (dito e redito adulto e saudável nas diversas “vias” com que o vão crismando à vontade e voz dos donos)!

Porém, deste negativo imbróglio e lastimável refrega, com arreigados afãs de (des)conversa e (des)compromisso em todos os lados da barricada onde que os nossos politiqueiros se montam ensandecidos e em despique (na praça pública ou à socapa nas capitanias sonsas onde saltitam como murganhos...), muitos dos reais culpados e mandantes permanecem na toca das suas jogatinas e demissões...


– Ora antes perspectivassem o futuro, com profunda reflexão sobre o modelo de Desenvolvimento que os Açores precisam, com racionalidade, rigoroso planeamento, justiça, equidade, diálogo e solidariedade, sem complexos de hegemonia ou de inferioridade (perante os quais, no circunscrito alforge de recursos que temos, do Corvo a Santa Maria, não haverá unidade de espírito açoriano nem economia de matérias e meios que resistam à acefalia sistémica e à irresponsabilidade geracional que estão aniquilando uma Autonomia tão esperançosa, histórica e esforçadamente conquistada)!

De resto, tal como clara e firmemente salientei na minha Conferência de Encerramento da X Semana de Estudos dos Açores (Angra do Heroísmo, Março de 1992), permanecem hoje válidas – e afinal crescentemente revestidas de maior pertinência e inadiável retoma de reflexão colectiva, institucional e individual, para aguentarmos e levarmos a bom porto “Essas lanchas, aí, na carneirada”... – as seguintes conclusões:

– “Em parte total, a continuidade e a garantia do sucesso possível da Autonomia dos Açores assentam na preservação e no incremento fraterno da unidade dos Açorianos, de todas as Ilhas e das Comunidades Imigradas.

“Porque, e disso não tenhamos qualquer dúvida, divididos, antagonizados e encurralados, seríamos rapidamente vencidos!


“Tal desencantado espectro de fracasso das nossas energias, tal retrocesso cívico e cultural, sendo sinónimo antecipado de uma anemia sistémica das nossas comunidades, representaria um baquear geracional face às dificuldades, e teria consequências desmobilizadoras e degradantes, durante muito tempo inferiorizantes para o Arquipélago e para o País”...

– Mas para que tudo isto seja assegurado com transparência e lealdade é também necessário fortalecer novamente, ou recriar, uma sólida e crítica cultura de identidade colectiva, de comunidade e projecto de destino comum, de trabalho solidário, de estudo rigoroso e de desenvolvimento autêntico, cultivando-se em simultâneo apego e amor à terra e à sua gente, tal como ficou dito antes e vale ainda agora reler numa pequena grande obra de reflexão insular açoriana de 1989 (O Desafio Insular, de João Bosco Mota Amaral, obra que tive o gosto de prefaciar e que me ocorre citar muitas vezes):

“O desenvolvimento para ser completo e alcançar as suas finalidades humanistas – desenvolver o Homem todo e todos os homens – tem de ser feito, em qualquer comunidade, de dentro para fora. (...) É impossível, e ineficaz, pretender desenvolver as ilhas de fora para dentro, segundo esquemas pensados longe do meio insular e sem participação das respectivas populações”.

“ (...) Considero que o segredo da resistência e sobrevivência, no passado, em condições por vezes incríveis, de miséria e opressão, e também da vitalidade no futuro, está, para os povos insulares, na força da sua identificação cultural e na relação desta com a ilha.


“Assim, alcançados padrões razoáveis de qualidade de vida, e apesar do natural desnível com outras áreas, as ilhas onde floresça uma cultura própria continuarão a mostrar possuir força vital, fixando a população, inclusivamente jovem, em níveis razoáveis, mantendo laços e estreito intercâmbio com núcleos de naturais residentes no exterior, fortemente ligados à realidade insular, e enriquecendo a Humanidade com o seu contributo de diversidade”...
___________________

Em RTP-Açores:






































e "Diário dos Açores (Ponta Delgada, 18.03.2014):























Primeira versão ("Acefalia e responsabilidade") 
em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 15.03.2014):




sábado, março 15, 2014


As Danças da Cadeira

No dia 19.08.2012 publicava-se aqui no “Diário dos Açores” um texto com título quase idêntico ao desta Crónica (então chamada “A Dança das Cadeiras”...), mal sabendo-se porém que passados cerca de dezoito meses haveríamos de ser levados a retomar a sua leitura, – tão actualizada e premonitória fora a respectiva escrita, e mais actual ainda o ali vislumbrado –, que nem valia sequer a pena reinventar outro discurso para reflectir o mesmo...

– E assim lá então se constatava que Berta Cabral ao ser confrontada (e fazendo frente a um gesto-alvitre nada inocente…) com a possibilidade de Maria do Céu Patrão Neves vir a deixar o lugar para que fora eleita no Parlamento Europeu (como é sabido, naquela altura em substituição inusitada, forçada e então muito mal aceite, de Duarte Freitas), de modo a poder vir a integrar um eventual futuro Executivo regional social-democrata, logo a dita antiga presidente do PSD-A se apressou a afastar tal hipotético cenário, dizendo mesmo que aquela (ainda actualmente em funções) deputada europeia permaneceria mas era muito bem onde estava, e que o seu casual ingresso num governo do partido de Passos Coelho nos Açores, presidido por si, lhe estaria, portanto, vedado!


 O caso, na altura, não trazia novidade por aí além e teria importância nula, porquanto Patrão Neves, quiçá injustamente, por razões várias e impressões pessoais, nunca fora figura implantada no PSD local, porventura devido a uma certa grassante inveja ou ciumeira pouco institucionalmente abonatórias, mas acima de tudo porque muitos membros do PSD-A ainda não se haviam esquecido de todo o processo que levara à candidatura daquela predilecta ex-mandatária e conselheira de Cavaco Silva…

– Todavia, por outro lado ainda, a ninguém que conhecesse minimamente Patrão Neves passaria pela cabeça imaginar aquela tão activa, insinuante e cativante nova especialista e tirocinada deputada europeia em Agricultura e Pescas comunitárias, depois de uma tão afanada e agenciada prestação política nacional e internacional, regressando a prazo certo, de humilde pastinha debaixo do braço, aos seus pequenos, conquanto luzidios canteiros departamentais e púlpitos na Universidade dos Açores (excepção naturalmente feita a uma, não tão mirabolante quanto isso, subida à magnificência reitoral da dita agremiação ilhoa de Ensino Superior, mal surgisse a oportunidade estratégica, recursiva ou eleitoral para tanto...)!

Ora não é que, tenha lá sido como foi ou tenham as coisas andado e desandado nos jogos internos de uns e outros, o que importava retirar da lógica inerente àqueles sinais e premonitórias peripécias pretéritas bem ficou à vista agora, com o duplo, simultâneo e letal afastamento tanto de Patrão Neves quanto de Berta Cabral (igualmente na anunciada linha da mesma corrida...) e das suas alternativamente hipotéticas, tão faladas e muito apontadas quase como nacionalmente prováveis candidaturas ao Parlamento Europeu, e em lugar selecto e elegível na lista da Coligação PSD-CDS/PP, tanto mais quanto era preciso ou conveniente lá meter-se um nome feminino, de preferência fora dos dominantes gineceus reinantes, ou a reinar, nos redutos da Lapa e nos assomos do Caldas...


– Mas depois foi o que se viu:

Para surpresa (?) das interessadas e dos interessados, cá e lá, com um firme quero, posso e mando, sai-se Duarte Freitas com a jovem sindicalista Sofia Ribeiro – e logo para aquele relevante e nunca dantes concedido 3.º lugar nas listas nacionais para o PE... – à frente de outros esforçados e nobres barões e reforçadas e defendidas baronesas, que assim se viram todos ultrapassados por uma como que jovenzita plebeia e fresquinha nestas andanças, aonde, no catedrático juízo de Patrão Neves só põem o pé ligeiro, o assento e a saia elegantes ou a mão em finesse de salon, antigos ministros e altas sumidades, que é como quem retrata experimentados cosmopolitas e europeístas convictos, poliglotas retóricos e outras gargantas de funda lábia técnica (ou sofística...), – tudo puras castas de infantes luzidios e cultíssimos, princesas de escorridas melenas e alta cerebração... – que não, que nunca à dimensão curricularmente depreciada de uma suposta imitação menor de alguns daqueles outros politiqueiros de Estrasburgo e Bruxelas..., e logo por uma quase desconhecida e humilde gatinha borralheira da Política, ainda um pouco juvenil e até proveniente dessa sempre duvidosa maltinha dos sindicatos (e logo dos professores abaixo do Ensino Superior...)!

– Despeito maior – oh! –, francamente, não era possível deixar escapar em certos remoques de má perdição... E logo então, por isso mesmo, é que estalou o verniz a muitos coligados correligionários dessa incensada Europa, num retorcido esgar de nervos e derramamento de lágrimas (quando não, como diz o povo, “de baba e ranho”...), numa queda em dominó de patrões e patroas da política regional e nacional, e desde algumas das mais primitivas vozes insulares (que em surdina engoliram colheradas de malagueta curtida, ou afogaram despeitos em cabisbaixas indignações...), até às mais tonitruantes e oleadas solturas analíticas de velhos Ângelos & Demónios lusitanos, estafadas correias da mais saloia (querendo-se sábia) e da ressabiada (mascarando-se de pura) prosápia político-partidária que a panela da Democracia à portuguesa caldeou para desgraça e desencanto do nosso subjugado, tutelado, parasitado e sonâmbulo País!

É claro que nada disto, nas reacções aqui e ali figuradas e na prosa que as deixa esboçadas – ao que cremos e queremos – envolverá nada de pessoal, embora nenhum observador nisso acredite, antes quase todos apontando já o dedo a Duarte Freitas para acusá-lo de “vingança” e “retribuição de saneamento” pelo que lhe fizeram atrás, a mando ou sob magistraturas de supremas influências na Nação e no seu fatídico PSD...


– Porém outros há que também já vão sentindo, ou pressentindo, em tudo isto os ares e inspirações que sobem dos novos talentos e rebentos com visão de futuro e em ascensão renovadora à volta do actual presidente do PSD-A, sejam eles os dos seus conselheiros privados e/ou independentes, sejam outros que ninguém imagina quem serão nem quanto tem ou valem nos seus currículos e testemunhos de cidadania activa...

Agora (mas anuindo em que todos foram ou serão novatos alguma vez em certas artes e ofícios...), no que a Maria do Céu Patrão Neves ainda diz respeito – e para além de simpatias ou antipatias particulares ou generalizadas, que não vem ao caso –, a verdade é que o que lhe fizeram, daquele jeito, não deixa de ser humilhante, aparentemente injusto, possivelmente imerecido e mesmo individualmente penalizador, além de poder, à primeira vista, vir a não fortalecer em nada a posição e a pretendida influência insular açoriana nas instâncias decisivas da União Europeia, até porque esta eleição ocorre num contexto de crises comunitárias delicadas, grandes e mais exigentes, num enquadramento nacional altamente imprevisível e comprometedor, e num cenário regional (político-económico e financeiro, técnico-governamental, parlamentar, cívico, cultural e até universitário...) bastante oscilante, resvaladiço e criador de uma série de anti-corpos à unidade interna das ilhas, à credibilidade das instituições autonómicas e à qualificação da actividade político-partidária, parlamentar, executiva e... sindical!


– Finalmente e perante a conjugação de todos estes factores e factos, há quem arrisque a previsão de alguma próxima agitação intestina no PSD-A, tanto mais quanto, tanto a composição do dito “Conselho Consultivo” privado de Duarte Freitas, quanto a escolha de Sofia Ribeiro – com tudo o que isso significa ou revela... – aparece quer a contra-ciclo daquilo que o projecto liderado pela equipa de Carlos Pacheco Amaral (ainda por especial relação à problemática europeia...) vinha começando a construir e que, doravante, poderá perder muito do seu mais fundamental sentido e dimensão, quer no que diz respeito a um mais sólido e prospectivo posicionamento nacional e europeu do PSD-Açores, quer ainda no que ao trabalho de reflexão interna, participada, amadurecida, convincente e mobilizadora dos seus quadros, militantes, simpatizantes e potenciais eleitores em todas as nossas ilhas concerne...

Por tudo isto, talvez, é que da antiga dança de 2012 às novas danças da cadeira em 2014, a distância pode não ser quase nenhuma, nem valer sequer o texto de nova Crónica! A ver vamos...


– Porém e seja lá como for, o que importa outra vez, como se salientou há meses, é concluir que, mais do que antecipar ou atender a novos ou repostos ensaios para certas carreiras no Poder estabelecido, mais valerá pensar, fazer pensar, decidir e trabalhar autenticamente e em conjunto para os Açores e com os Açorianos – com verdade, inteligência, isenção e generosidade –, naquilo que a Autonomia, a Democracia e o Desenvolvimento de nós exigem reforçadamente hoje, deixando o resto e o ajuste das contas da mercearia insular para último plano de intenções, ou para o balcão do fundo da estufa ou da adega político-partidária…, – se é que esses inferiores níveis de compra e venda de títulos passageiros e bugigangas institucionais já não desterraram ou usurparam de vez (em todos os partidos e nas suas listas...) a real importância do melhor que, a seguir-se por essas vias passionalmente enquistadas, clientelarmente obscurantistas ou apenas pessoalmente caprichosas, com toda a certeza faltará depois sempre em créditos éticos, decisivas competências, indiscutíveis credibilidades e solidários méritos mutuamente complementares, para o que verdadeiramente interessa defender, justamente consolidar e fazer progredir na nossa terra!
_____________

Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 15.03.2014):
















e "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 16.03.2014):