O Vazio da Sala
Das muitas imagens mediaticamente
divulgadas, daquilo que elas traduzem de significativas perspectivas do mundo
político-partidário, psicossocial e ético que nos cerca, e das confluentes
realidades e valores em que vivemos e vegetamos, constituiu amostra bem documentativa
as que foram transmitidas, a partir da sede do PSD, em Ponta Delgada, no passado
dia 14, data das últimas eleições regionais.
De facto, foi algo de muito evidente
e revelador o que foi possível visualizar daquele ambiente, quando – sabendo-se
já dos mais que comprováveis e fracassados resultados nas urnas para os ditos
social-democratas ilhéus –, as câmaras de televisão e a vacilante reportagem do
jornalista para ali destacado deram conta da constatável e quase embaraçosa e
confrangedora atmosfera naquele recinto: um fantástico cenário de deserto
pessoal (e de pessoais deserções!), – tão pesada e densa que os experientes e
benevolentes homens dos OCS presentes nem jeito ou ânimo tiveram para exibir,
em toda a sua escancarada crueza, semelhante descida a tão gélido purgatório
nocturno que – mais do que surpreendente, inacreditável até – naquele patético salão,
patente estava…
E assim se foi esperando e
fazendo esperar, e circundando a cobertura, e apenas fazendo-se chegar a
substancial conteúdo de anúncio verbal a chegada dos poucos vultos que por ali,
salientes e despontando, a soluço assomavam, excepção feita a Mota Amaral (em
dignidade, ainda e sempre, o primeiro!).
Mas logo depois, então, foi o que
à exaustão, à mostração nua e dura, se viu e transmitiu para quem tanto e mais
quis acompanhar e sentir, por esse atónito arquipélago adentro…E lá começaram
os penosos reconhecimentos da derrota, os agradecimentos da praxe, as respostas
evasivas, as suspensivas reservas e omissões, e o realinhamento (com acenos de
aflitiva chamada à linha ou à cara) do cabisbaixo entourage mais firme e proximal
da grande candidata e timoneira desta mal fadada campanha; e pouco mais!
– Dos rostos e saracoteamentos
arrogantes ou gananciosos de outrora, da evanescente e lesmática claque de
ontem, dos ilustrados e recorrentes capangas de “olho na faca, olho na lapa”,
ouvidos sempre na onda e no calhau para o salto oportunista, como dizia o
outro, nem sombra; nicles!
O resto, que não se conta aqui
por pudor (e quase vergonha pelas culpas e pecados alheios, mas que de algum
modo a todos nós devem fazer reflectir…) ficará para depois. E todavia, a
cumprir-se o maldoso (e talvez injusto, porque genérico) chiste açórico, da
actual toca do Coelho, “nem por carta nem por escrito”!
– Por isso mesmo, não será talvez
tão cedo que aquela sala e aquelas cadeiras, agora medonhamente vazias,
desguarnecidas e desguardadas, tornarão a encher-se com gente capaz, esperançosa
e honrosamente perfilhada em defesa da nossa terra, pacificamente construindo e
partilhando o pão do Povo em Liberdade, como no seu antigo, porém agora
desbaratado e desafinado hino de glórias passadas e novas ilusões futuras…
E assim as mesmas salas, cadeiras
e câmaras, de mal a pior, vão continuar provavelmente ainda mais ocas e
irrelevantes, sem a mínima presença que mereça crédito limpo, generoso
empenhamento político-partidário ou confiança ética!
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Em Azores Digital:
RTP-Açores:
http://www.rtp.pt/acores/index.php?article=29384&visual=9&layout=17&tm=41;
Networked Blogs.
http://www.networkedblogs.com/blog/os-sinais-da-escrita?parent_page_name=source
Networked Blogs.
http://www.networkedblogs.com/blog/os-sinais-da-escrita?parent_page_name=source
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 28.10.2012);
Outra versão em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 27.10.2012).
Outra versão em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 27.10.2012).