Cuidados Continuados Integrados
e Política de Saúde nos Açores
“Diário Insular” (DI) – É sabido que coordenou e executou, para o
Governo Regional, um Projecto de Investigação sobre a Rede de Cuidados
Integrados (RCCI) na Região. Confirma a elaboração desse Projecto e do
respectivo Relatório?
Eduardo Ferraz da Rosa (EFR) – Sim, confirmo a realização desse
Estudo (que envolveu praticamente, na primeira parte concretizada, todas as entidades e instituições
públicas e particulares directa e/ou indirectamente ligadas à Saúde e à
Assistência Social na ilha Terceira, para além de responsáveis institucionais e
agentes, actores socioprofissionais, técnicos e especialistas nessas áreas, e
ainda responsáveis pelas Autarquias e outros Parceiros Sociais).
Esse exaustivo (e empenhativo!) trabalho
decorreu durante o ano de 2012, a pedido diligente e esforçado do então secretário
da Saúde [Miguel Correia], tendo as respectivas Conclusões e Propostas sido entregues,
já ao novel detentor do lugar [Luís Cabral], em Dezembro último…
DI – Quais os âmbitos, conteúdos, Conclusões e Propostas desse Estudo?
EFR – O objecto do Estudo foi o levantamento e avaliação da Rede de
Cuidados Continuados Integrados na Região Autónoma dos Açores, tendo-se
procedido à caracterização actual e às perspectivas de operacionalização
subsequente e possível.
– O projecto, como referi, tomou
a Terceira como primeira amostra
científica ou modelo sociológico para investigação ou estudo de
caso e de campo.
As Conclusões e Propostas, que foram deontológica e naturalmente entregues
a título reservado, como documento interno
– para reflexão e tradução prática (espero eu…) –, não sendo propriamente
confidenciais, decorrem todavia de delineamentos programáticos assentes, dos
depoimentos e testemunhos pessoais e/ou dos memorandos sectoriais facultados pelos
múltiplos participantes e colaboradores ouvidos, sendo porém que muitas das estruturas e bloqueios analisados são do
domínio e do conhecimento públicos, embora eventualmente de modo menos
tematizado, formal e sistemático…
– Contudo e assim, esses são
problemas, situações e factos bem perceptíveis
(alguns até já denunciados!) pela sociedade, utentes, doentes, famílias,
instituições, OCS e por todo e qualquer profissional dedicado, analista sério,
observador atento, estudioso isento e rigoroso, ou político competente, bem
formado e responsável!
DI – Como explica a não operacionalização cabal da Rede de CCI nos
Açores?
EFR – Essa constatação é verdadeira, sendo todavia que o problema é
complexo, tal como a nível nacional e até internacional, porquanto envolve uma
diversidade de causas, constrangimentos, inoperâncias, faltas de planeamento,
gestão integrada de recursos materiais, técnicos, humanos e logísticos, para
além de inadmissíveis lacunas e preguiças conceptuais, protelamentos de decisão
e vontade institucional, tudo amiúde aliado a ausências de definição de
prioridades e ao esquecimento de valores essenciais para a implementação efectiva e comunitariamente partilhada de uma Política
de Saúde e Assistência sustentável e humanizada …
DI – Um seu conhecido trabalho académico anterior [Investigação para um
Projecto de Doutoramento no ICBAS/Universidade do Porto], na área das Ciências
Biomédicas, tornou-o mais sensível a esta problemática?
EFR – Sim, mais empírica e cientificamente habilitado, e mais ética
e filosoficamente crítico…
– E também mais exigente, mais refractário
a sofismas partidários e ainda mais fiel aos valores de uma política
alternativa, humanista e socialmente justa!
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(*) Texto revisto
da Entrevista publicada nos jornais “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 10.04.2013)
e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 11.04.2013).
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Publicado
em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 10.04.2013);
Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 11.04.2013);
Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 11.04.2013);
RTP-Açores:
e Azores Digital: