quarta-feira, abril 10, 2013


Cuidados Continuados Integrados
e Política de Saúde nos Açores



“Diário Insular” (DI) – É sabido que coordenou e executou, para o Governo Regional, um Projecto de Investigação sobre a Rede de Cuidados Integrados (RCCI) na Região. Confirma a elaboração desse Projecto e do respectivo Relatório?

Eduardo Ferraz da Rosa (EFR) – Sim, confirmo a realização desse Estudo (que envolveu praticamente, na primeira parte concretizada, todas as entidades e instituições públicas e particulares directa e/ou indirectamente ligadas à Saúde e à Assistência Social na ilha Terceira, para além de responsáveis institucionais e agentes, actores socioprofissionais, técnicos e especialistas nessas áreas, e ainda responsáveis pelas Autarquias e outros Parceiros Sociais).

Esse exaustivo (e empenhativo!) trabalho decorreu durante o ano de 2012, a pedido diligente e esforçado do então secretário da Saúde [Miguel Correia], tendo as respectivas Conclusões e Propostas sido entregues, já ao novel detentor do lugar [Luís Cabral], em Dezembro último…

– Porém, esse mesmo Relatório, por minha iniciativa, foi também entregue ao Presidente [Vasco Cordeiro] e ao Vice-Presidente [Sérgio Ávila] do Governo dos Açores!




DI – Quais os âmbitos, conteúdos, Conclusões e Propostas desse Estudo?

­EFR – O objecto do Estudo foi o levantamento e avaliação da Rede de Cuidados Continuados Integrados na Região Autónoma dos Açores, tendo-se procedido à caracterização actual e às perspectivas de operacionalização subsequente e possível.

– O projecto, como referi, tomou a Terceira como primeira amostra científica ou modelo sociológico para investigação ou estudo de caso e de campo.

As Conclusões e Propostas, que foram deontológica e naturalmente entregues a título reservado, como documento interno para reflexão e tradução prática (espero eu…) –, não sendo propriamente confidenciais, decorrem todavia de delineamentos programáticos assentes, dos depoimentos e testemunhos pessoais e/ou dos memorandos sectoriais facultados pelos múltiplos participantes e colaboradores ouvidos, sendo porém que muitas das estruturas e bloqueios analisados são do domínio e do conhecimento públicos, embora eventualmente de modo menos tematizado, formal e sistemático…




 – Contudo e assim, esses são problemas, situações e factos bem perceptíveis (alguns até já denunciados!) pela sociedade, utentes, doentes, famílias, instituições, OCS e por todo e qualquer profissional dedicado, analista sério, observador atento, estudioso isento e rigoroso, ou político competente, bem formado e responsável!

DI – Como explica a não operacionalização cabal da Rede de CCI nos Açores?

EFR – Essa constatação é verdadeira, sendo todavia que o problema é complexo, tal como a nível nacional e até internacional, porquanto envolve uma diversidade de causas, constrangimentos, inoperâncias, faltas de planeamento, gestão integrada de recursos materiais, técnicos, humanos e logísticos, para além de inadmissíveis lacunas e preguiças conceptuais, protelamentos de decisão e vontade institucional, tudo amiúde aliado a ausências de definição de prioridades e ao esquecimento de valores essenciais para a implementação efectiva e comunitariamente partilhada de uma Política de Saúde e Assistência sustentável e humanizada …




DI – Um seu conhecido trabalho académico anterior [Investigação para um Projecto de Doutoramento no ICBAS/Universidade do Porto], na área das Ciências Biomédicas, tornou-o mais sensível a esta problemática?

EFR – Sim, mais empírica e cientificamente habilitado, e mais ética e filosoficamente crítico…

– E também mais exigente, mais refractário a sofismas partidários e ainda mais fiel aos valores de uma política alternativa, humanista e socialmente justa!
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(*) Texto revisto da Entrevista publicada nos jornais “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 10.04.2013) e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 11.04.2013).
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Publicado em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 10.04.2013);
Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 11.04.2013);
RTP-Açores:

e Azores Digital: