Maio em Abril?
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Ao leitor poderá parecer que
título desta Crónica altera ou parece trocar a sequência cronológica do
repertório-padrão dos meses, baralhando as agendas com que usualmente
preenchemos os dias e que nos diversos calendários, almanaques e devocionários
vão registando o girar cíclico do Tempo, a sucessão das estações, ciclos
festivos, acontecimentos memoráveis e todas as datas que são marcos culturais e
histórico-existenciais dos indivíduos singulares, das comunidades e das várias,
mutáveis e sucessivas civilizações.
Isto mesmo registou o nosso Eça, num notável texto de 1895, quando – começando por recordar uma antiquíssima lenda do Talmude sobre os dois sábios filhos de Seth que “naquele caminho perdido da Mesopotâmia, sob a tristeza imensa da tarde, determinaram arquivar, escrevendo em matéria imperecível, a Ciência que possuíam”, e que, “na derradeira madrugada, finda a Obra, (...) levantando as faces cansadas, louvaram o Senhor que lhes concedera tempo de cumprirem, para com os homens da outra Humanidade, aquele dever final de fraternidade magnífica” – observou que “cada povo que se organiza, e se prepara para a História, imediatamente organiza o seu Almanaque, com o cuidado e a previsão com que traça as ruas da sua cidade”, não só nos habilitando “a que vivamos bem, na larga vida social e espiritual, mas a que a vivamos bem, com doces facilidades, na vida pequenina e caseira”...
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Em "Diário Insular",
Angra do Heroísmo, 07.05.2016:
Angra do Heroísmo, 07.05.2016: