As Obscuridades da EDA
Não há dúvida que a formosa
Empresa de Electricidade dos Açores (EDA) tem um invejável historial de bem
servir e alumiar os seus clientes, proporcionando, há décadas, na ilha Terceira
– e provavelmente também em todo o nosso restante Arquipélago – uma produção,
distribuição e assistência de alto gabarito energético!
– Por aqui e hoje, na mesa de
trabalho e estudo onde esta Crónica costuma ser escrita, já foram várias as
vezes em que subidas e descidas de corrente deram sinal dessa excepcional e fiável prestação pública,
atirando sistemas e programas abaixo e acima, enquanto as luzes, apitos e
aparelhos de toda a casa ganham inusitada agitação e parecem ir finar-se a
espaços oscilantes e imprevistos, sendo que nem sequer os normalmente suficientes estabilizadores e suas precaucionais
e acopladas unidades UPS (outro acrónimo, mas este de “Uninterruptible Power Supply”…)
conseguem haver-se em conta com tão eficiente abastecimento…
E o caso, nesta circunstância, até se
ficou por menos, não tendo o diabo vindo tecê-las para ficarmos em apagão,
horas a fio, como ainda há poucos dias voltou a suceder!
– É claro que aos prejuízos,
avarias, incómodos, arrelias, atrasos, indemnizações e avultadas despesas de
manutenção, que desses negrumes técnicos
recorrentemente decorrem, nem vale a pena contabilizar, ao lado daquilo que
tanto tem sido dito, escrito e protestado em vão, desde as associações de
Comércio, Serviços e Indústria à mais pequena e bucólica casinha dos
contribuintes açorianos.
Todavia, este caso não poderia
ficar desfocado e sem mais uma achega face a alguns velhos e conhecidos papéis,
arquivos, relatórios e recortes onde não faltam números, potências, centrais,
geradores, redes e demais panóplia para registo do brilhante cadastro empresarial da dita EDA, a par de alguns bem recordáveis, co-responsabilizáveis e sucessivos administradores, delegados, antigos
e actuais responsáveis planeadores, gestores, “public-relations”, imparciais e
ajuizantes conselheiros de sentença sempre oportuna, iluminados académicos e/ou
ressabiados e descansados comissários
político-administrativos de alta e baixa tensão…, – todos eles já em postos
de transformação para melhores
diferenciais (e sem choques nos respectivos e inocentados padrinhos
institucionais, nem curto-circuito nos fusíveis das suas condensadas memórias, ascensionais
carreiras ou douradas reformas…), atirando pedras, calhaus, raios e coriscos aos
filamentos virgens das lampadazinhas dos outros, agora que a luz se apaga, ou
alguma baixa nos débitos cúmplices de outrora recomeça a manifestar-se com as
ventanias e ameaças deste inseguro e eleitoral Outono dos patriarcas e suas luminárias!
___________
Publicado em:
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 06.10.2012);
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 06.10.2012);
Azores Digital - http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=2279&tipo=col;
"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 05.10.2012);