Fogueiras e Fogaréus
Nenhum observador minimamente atento à realidade política regional e nenhum ativo
participante razoavelmente dotado de preparação
e senso a condizer com responsabilidades
e cargos assumidos (às vezes bem levianamente…) para tomadas de posição,
análise e implementação de linhas de
pensamento estratégico e medidas
práticas decorrentes das opções de um justo
e competente entendimento daquela mesma realidade
política – mormente no que diz respeito a atos
da governação, ao comportamento
deontológico dos seus membros e ao devido
(e exigível!) acompanhamento crítico, suporte solidário e elucidação
precaucional por parte dos vários agentes e atores institucionalmente ali
envolvidos –, poderá deixar de encarar com
muita apreensão todos aqueles, sucessivos, multiplicados e acumulados casos e temas que tem, a esses mesmos diversos mas confluentes propósitos,
vindo a inundar exponencialmente (e ainda mais nas últimas semanas e dias) o
inteiro panorama político-informativo da Região Autónoma dos Açores, nos OCS e
nas redes sociais (locais e nacionais…).
– Não valerá a pena, creio eu,
inventariar aqui o leque dos ditos temas
e casos em triste vista e alcance, tão percetíveis são eles, apesar da quase inacreditável série de miopias, arritmias de coordenação e nucleares ausências de terapia firme com que as referidas úlceras (algumas de grande pressão…) tem sido padecidas e geridas por quem, assim, até
parece estar deixando cavar a sua própria cárie
político-partidária e, talvez, conquanto inadvertida e involuntariamente,
levantando ventos para uma eventual borrasca
outonal cujos sintomas de contágio,
suficientemente alarmantes pelo que prenunciam (e nalguns casos comprovam!),
são mesmo risco de fósforo e fumo de fogueiras que poderão vir a chamuscar
muitos dos fundilhos e rodas de saia que andaram a passear-se pela ilha
Terceira durante as Festas Sanjoaninas, em visitações de caravana cortesã, em
varandas acolchoadas, na calçada molhada ou no improvisado palanque de muita
fatuidade, conforme o valor do cicerone, a música da marcha ou o ferro do
curro…
A outra hipótese para o que se vê,
lê e ouve é a de, novamente, querer-se arranjar fogaréu expiatório para um mal que antes provém, acima de tudo e de
todos, da falta de inteligência política,
de poder decisório esclarecido e da
paralela e interesseira aniquilação da
democraticidade partidária interna, – formas convergentes e larvares de reincidentes desculpabilizações pessoais
e político-partidárias que não
deixarão, desta vez e na devida altura, de ser objetivamente acentuadas!
____________
Em “ Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 30.06.2012):
“Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 01.07.2012):
Azores Digital: