sexta-feira, janeiro 18, 2013


DOIS RELATÓRIOS LETAIS




A Praia da Vitória está manifestamente atolada num perigoso paul, cujas verdadeiras e reais dimensões histórico-políticas, socioeconómicas, financeiras e estruturais não podem ser escamoteadas a nenhum título nem por nenhum cidadão ou organismo, sob pena de irresponsável cobertura, indigna conivência, abdicação de leitura e cidadania críticas, ou desonroso silenciamento dos mais elementares deveres e direitos de participação consciente e livre na vida actual e nos rumos determinantes do futuro colectivo e individual das nossas comunidades de origem ou adopção, suas organizações e seus múltiplos corpos sociais e políticos (aí incluídos todos os partidos).

– Assim, diga-se já, sem timoratos subterfúgios ou acomodados expedientes, que os dois últimos Relatórios vindos a público e respeitantes à Praia da Vitória constituem documentos altamente letais ou, pelo menos, dolorosa e penosamente confrangedores, quando não até comprometedores e vergonhosos para a sua população, para os seus órgãos representativos e – mais ainda – para os seus instalados governantes, putativos dirigentes, líderes e demais agentes e actores institucionais!



Na verdade, como se não bastasse o Governo Regional dos Açores (1) – a propósito da anunciada e próxima visita de uma delegação económico-militar norte-americana à Base das Lajes – ter vindo, com todas as letras oficiais, classificar de mentirosas, ou falsárias, as abusivas e imprevidentes declarações do prezado, mas politicamente incauto, jovem presidente da Câmara da Praia da Vitória (2), – agora foi a vez do Tribunal de Contas competentemente emitir uma arrasadora e impiedosa Auditoria (3) sobre o calamitoso estado financeiro e a gestão político-económica daquela autarquia terceirense, desmontando contas, desnudando erros e escalpelizando verbas, riscos, escritas e contos e descontos de palmatória ou leviano manejo de enquadramento legal, para – sem apelo nem agravo, nem encobrimento possível… – fazer a síntese criteriosa da dramática situação ali comprovada, pura e simplesmente deste feitio e nestes termos:

–“ A dinâmica imprimida à gestão orçamental no triénio 2009-2011, caracterizada por significativos défices, é incompatível com a evolução controlada da dívida municipal e com a reposição do equilíbrio das finanças municipais a curto prazo”! E para dizer tudo, por ora – estando o texto integral do resultado da Auditoria disponível na Página do Tribunal de Contas, em http://www.tcontas.pt/ –, isto basta...


Quanto ao outro “Relatório” – não menos aflitivo, humilhante (quase patético!) e penalizador para a imagem, as compreensíveis mas bem mal fundamentadas (contra)argumentações, razões e pretensões, realidades objectivas, interesses pragmáticos e direitos da governação e da soberania portuguesa (e norte-americana…), a par das diferenciadas expectativas e contrapartidas legítimas para a Praia da Vitória, para os Açores e para Portugal –, ficará o mesmo para a semana, que o dito não perde pela demora na leitura e na sua conveniente, merecida e pendente análise!
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(1)http://www.azores.gov.pt/GaCS/Noticias/2013/Janeiro/Esclarecimento+do+Governo+dos+A%C3%A7ores+sobre+visita+de+empres%C3%A1rios+dos+EUA.htm.

(2)http://www.acorianooriental.pt/noticia/governo-espera-que-empresarios-potenciem-valencias-da-base-das-lajes.

(3)http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2012/sratc/audit-sratc-rel016-2012-fs.shtm

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Publicado em RTP-Açores:
Azores Digital:
e Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 20.01.2013).
Outra versão em “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 19.01.2013).