As Lajes em Fogos de Alto
Desmentindo e corrigindo uma
anterior (talvez bem intencionada, mas pressurosa…) afirmação adiantada,
incorrecta e precipitadamente – e até de modo algo abusivo, incauto,
imprevidente e comprometedor …– pelo presidente da Câmara Municipal da Praia da
Vitória, o Governo Regional dos Açores (GRA) entendeu “útil e necessário
esclarecer”, em Nota Oficial (1), ser falso,
e assim contrário ao referido pelo jovem autarca, que “o interesse dos
empresários norte-americanos na ilha Terceira” resultasse “do trabalho desenvolvido pelo presidente do Governo Regional dos
Açores (…) durante uma viagem aos Estados Unidos, no qual manteve contactos com
políticos federais e estaduais com raízes açorianas, no sentido de encontrar
soluções que minimizem o impacto da redução militar norte-americana na Base das
Lajes” (2)…
Depois – porque o autarca ainda dissera que “esta informação lhe foi transmitida pelo próprio presidente do Governo…” –, o Gabinete de Vasco Cordeiro mais quis acentuar, “Em relação às notícias relativas à visita aos Açores de um grupo de empresários dos EUA”, ser a mesma “uma iniciativa do Governo dos EUA, promovida pela Embaixada dos EUA em Portugal em conjugação com o Comando Europeu há já algum tempo, como foi, de resto, publicamente anunciado pelo Embaixador dos EUA em Lisboa, em dezembro passado”!
– E finalmente, mais sublinhou e concluiu o GRA, para que não houvesse qualquer dúvida local (terceirense e/ou concelhia): “O programa da visita e as atividades a decorrer na Região estão a ser trabalhadas entre as autoridades dos EUA e o Governo dos Açores, sendo que, através deste, é promovida a participação das entidades representativas dos empresários da Ilha Terceira e o Município da Praia da Vitória”…
Ora estes sintomáticos câmbios,
toques e retoques de argumentos, posições e mediações, ocorreram mesmo nas
vésperas e coincidentes alturas de Vasco Cordeiro, na Praia da Vitória, receber
um “Relatório” (3) da Comissão Permanente da sua Assembleia Municipal (sobre a importância e impacto da presença americana na Base das Lajes), logo depois de – para
bons entendedores regionais e ilhéus… – ouvirmos todos ser-lhe afiançado, quase
afrontosamente para os pequenos (dos) Açores, pela melíflua e soberana
autoridade político-militar e diplomática do Ministro Branco, que as relações
de Portugal com os USA (como se isso fosse novidade táctica ou estratégica
actual de Lisboa…) iam poderosamente muito para além dos doirados “peanuts” (ou
autóctones espécimes?) do Campo das Lajes...
Tudo isto tem muito que se lhe
diga – e há-de chegar a ser dito, mais dia menos dia! –, muito para além
daquelas peregrinas ideias e areias, propostas e mirabolantes cantilenas que
agora (nos) fervem de todos os lados, modos e feitios, atiradas ao vento, às
marés e às costas dobradas das nossas cada vez mais novamente adjacentes e
impotentes ilhas…
– E pudéssemos nós
cantar-lhes hoje as mesmas Cantigas
de outrora, como se pela voz do nosso Poeta: “Tanto caga-fogo de alto! / Tanto bidom, tanto prigo! / Cimento não dá
pão alvo/ Como dava o nosso trigo.”
(1)http://www.azores.gov.pt/GaCS/Noticias/2013/Janeiro/Esclarecimento+do+Governo+dos+A%C3%A7ores+sobre+visita+de+empres%C3%A1rios+dos+EUA.htm.
(2)http://www.acorianooriental.pt/noticia/governo-espera-que-empresarios-potenciem-valencias-da-base-das-lajes
(3)http://www.azores.gov.pt/GaCS/Noticias/2013/Janeiro/Presidente+do+Governo+recebeu+relat%C3%B3rio+sobre+o+impacto+da+presen%C3%A7a+norte-americana+nas+Lajes.htm
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Publicado em Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 13.01.2013);
RTP-Açores:
e Azores Digital:
Outra versão em “Diário
Insular” (Angra do Heroísmo, 12.01.2013).