A Cárie das Consciências
Possivelmente não longe da mesma génese protofascista de outras praxes sadomasoquistas, há prédicas,
actuações tribunícias e acções mediáticas de alguns efémeros ou provisórios
chefes político-partidários e ideológicos que tem levado instituições e respectivas imagens à mais preocupante e degradada descredibilização, podendo constatar-se
– trazendo esse aspecto à reflexão – que, com tais actos e omissões, vem
fenómenos, actores, agentes e representantes da classe política (e de classes
sociais em sintonia representadas) não só contribuindo para a estagnação ou
retrocesso da Autonomia Regional, quanto ainda para semear divisionismos larvares inter-ilhas, como é verificável observando
princípios, programas e ardis na arrumação de tutelas e lideranças, para já não
falarmos em indigências de pensamento e linguagem que moldam, por impreparação
ou subcultura, sintomáticas incoerências de discurso e prática!
– Ora bastas têm sido as ocasiões
em que tão confrangedoras peças têm sobressaído com bazófias, argumentações
híbridas ou sofismas de arremetidas que já não colhem ninguém (a não ser
aqueles a quem tais investidas valem para dianteiro prosseguimento em incríveis
trupes de quadrilheiros úteis ou seus inebriados moços de estrebaria.
Todavia, aquilo que presenciamos
parece ultrapassar todas as barreiras, não tendo paralelo anterior nem, pelos
menos na Terceira, nos tempos e imaginários áureos de outras hegemonias (melhor: do total
e concentrado domínio da vida local) por parte de felizmente arrumados
cabecilhas ou velhos caciques, tanto mais quanto, como hoje se torna evidente,
em última instância e apesar de tudo, lá estavam o talento de outros líderes (e a pessoal qualificação
ético-política de Mota Amaral) para travar alguns vícios e moralizar valias…
– Talvez por isso é que andem muitos sem mãos para firmar o leme, outros sem setas para alcançar alvos justos e os restantes sem dentes sãos para as nozes (cada vez mais esbanjadas…) que lhes caíram no prato à custa de imerecidos méritos alheios, porquanto, mais até do que com coragem e inteligência rombas, é a própria consciência que lhes está cariada!
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Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 01.02.2014):
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