O Cenário dos Debates
Inicia hoje o PSD-A uma série de
anunciados diálogos e debates públicos, certamente com vista a mais dotar o partido
(dirigentes, activistas e quadros actuais, um ou outro dos seus ideólogos ou
teóricos em funções, e alguns dos seus simpatizantes e eleitores em geral) com restaurada
reflexão e aprofundado acervo de valores sobre a Autonomia, no quadro de tudo o que vem emergindo e evoluindo
no mapa global e integrado da Europa e do Mundo.
– Trata-se de um projecto que tem
justificação e mérito expectáveis em
princípio, embora a sua modelação, prioridade temática e respectivos
efeitos práticos e estratégicos permaneçam ainda por clarificar, tanto mais
quanto a chamada à mesa de certos nomes, actores e intervenientes político-institucionais e partidários de
vários quadrantes (na maioria, por ora, com díspares percursos e empenhos
sobejamente conhecidos e comprometidos nas reais voltas, reviravoltas e rumos
desde sempre decisórios na Região, com excepção do PCP), traz a esta ronda
tanto potenciais de reflexão crítica
quanto riscos de acabar por traduzir-se em novel cenário, mais ou menos
competentemente moderado, só para mediatização e apenas à medida daquilo que já
antes se determinou ou venha a querer depois, alegadamente por consenso, consumar.
De resto, a verdade é que alguns
efémeros e somente convencionados ensaios
prévios de agitação de ideias, ideais e acções na roda de similares ementários nunca propiciaram frutuosa colheita entre nós, ou, tendo-a
armazenado em acomodadas e furadas arcas, dela pouco se viu ou tirou partido
nos partidos e fora deles.
– Ou valerá a pena lembrar o sobrevindo
com tantos Gabinetes “de Estudo” e Grupos “de Trabalho” para isto, aquilo e
aqueloutro, a sério ou para mera propaganda de cartilhas e tabuadas, num devoto
coaxar à beira de tanques (think tanks...)
eticamente secos ou mentalmente estagnados, aonde as águas continuam paradas,
com idêntico lodo ao fundo!?
Seja como for, parece razoável
dar a tais iniciativas (do PSD e depois do PS) um esperançoso voto de sucesso, para bem dos Açores e apuro de quem
mais digno e capaz se revelará para fazer progredir, com justiça, racionalidade
e firmeza, a nossa Autonomia!
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Em Diário Insular" (Angra do Heroísmo,, 08.02.2014):
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