A Fidelidade do Verbo
O livro tem título sugestivo (A Ilha e o Verbo); subtítulo
impressivamente mediático (“Dos Vulcões da Atlântida à Galáxia Digital”); apelativo
Prefácio (D. Manuel Clemente), constando de uma grande Entrevista feita ao
Padre António Rego e conduzida por Paulo Rocha (jornalista da área da Religião
e secretário da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações
Sociais).
– Harmoniosa personalidade (onde
“tudo dá bem com tudo, da terra ao mar, da família à sociedade, da escrita à
fala”, na “consonância geral do tom [...], nas palavras que usa, [e] como as
distribui com igual generosidade por pessoas e temas”), desta autobiográfica narrativa dialogada
(Paulinas, 2014) – para além de um curioso acervo
fotográfico (com rostos e situações familiares) e de uma selecção de textos reflexivos, poéticos
e teológicos (desde o “Mar”, “Liberdade” e “Concílio Vaticano II” até às belas evocações e sentidas preces ao
Espírito Santo e ao Senhor Santo Cristo) –, um simples olhar pelo seu índice
temático dá bem conta da riqueza do conteúdo
e da pertinência dos depoimentos
concedidos!
E é assim que – desde a reiterada
e assumida condição existencial do
autor (“Incuravelmente um ilhéu” até às suas abordagens e percursos
pela “Pastoral das Comunicações”, passando por uma notável rememoração socio-eclesial e histórico-cultural, onde os Açores em
geral e a Terceira e Angra do Heroísmo em particular (a vida no Seminário, as
paróquias da Sé e da Conceição, os programas no RCA (Rádio Clube de Angra), o
saudoso jornal “A União”, os Cursos de Cristandade, etc., etc.) – todas as
palavras e as vivências de António Rego ganham nestas páginas e naquilo tudo
que elas documentam uma admirável dimensão e novas potencialidades de sentido,
tanto como repositório de memórias
como sinais de construção do futuro...
– De resto isso acontece, para
além do seu intrínseco interesse como testemunhos de várias épocas históricas e
de outros tantos conjugados acontecimentos sociais, políticos, religiosos,
institucionais e comunicacionais, talvez porque o agora cónego António Rego tenha,
como bem viu o actual Patriarca de Lisboa, “aquela maneira açoriana de ser
português, homem do mar em qualquer praia a que chegue”, expressa “naquele
jeito de comunicar sempre, usando os meios mais sofisticados do modo mais
natural; por isso tem e terá sempre os auditórios que quiser ter, porque todos
queremos ser tratados como pessoas entre pessoas, [...] multidão dos que o
temos como amigo”, modelo de Padre e Jornalista para uma Igreja aberta à
Humanidade, mas fiel ao Verbo do seu Senhor.
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Em RTP-Açores:
"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 05.07.2014):
e Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2676