AS INSCRIÇÕES SOCIAIS
Na sequência de um tema
já visado (*) – e face à recorrência de
factos relativos aos “meets” convocados para ajuntamentos e mobilizações na
área metropolitana de Lisboa através das redes (e teias…) sociais e de
telemóveis –, retomo hoje algumas das perspectivas
críticas ligadas a esses tão mediatizados
acontecimentos.
– Todavia, mais do que
sobre esse complexo fenómeno societário
(que todos os dias ganha, ou deveria suscitar, maior atenção e novas premências de observação, estudo, acompanhamento
inter-institucional e aprofundada procura de soluções integradas…), tenho aqui
um significativo conjunto de textos (opiniões, comentários e pequenos ensaios)
sobre os referidos “encontros”, suas origens, contornos, métodos, objectivos e
consequências...
Ora – à semelhança dos “rolezinhos”
à brasileira e com traços das similares concentrações de “teenagers” nos “centers
and shopping malls” norte-americanos –, neste fenómeno, que não é propriamente
inédito, de última moda ou novidade (enquanto manifestação grupal de dinâmicas
lúdicas juvenis potencialmente
conflituais, antes cuja generalização
exponencial se vem mimando em certas áreas urbanas e suburbanas...),
confluem múltiplos e diferentes factores
psicossociais, culturais, sociopolíticos e económicos, a par de valores e práticas que roçam a
para-delinquência criminal, os assédios ameaçadores, os prenúncios de insegurança
em pessoas e bens, e assim, por isso
mesmo, provocam e reclamam acrescidas
e consequentes medidas securitárias, algumas geradoras de riscos para a liberdade dos cidadãos, é certo, mas
que, a não serem tomadas a devido e
proporcional tempo, medida e conta, talvez mais contribuam para a gestação larvar de estados de inquietação,
violência e medos colectivos e privados, para cujo tratamento, mais tarde ou
mais cedo, o remédio há-de então ser depois
pedido a um Estado forte, disciplinador e muito mais policial e policiado, coisa que talvez devesse constituir motivo de prioritária ponderação para alguns pressurosos
colunistas e analistas de divã que mais preocupados se tem manifestado com não
sei que supostas securitites (sic)
estivais, ou com a ausência (real essa,
mas não pela mesma via) de espaços de
inscrição social (para todas as
classes, raças, idades e condições, não será?)!
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