Uma
Relevante Audição
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A Audição Aberta proposta e convocada pelo PSD, CDS-PP, PPM e BE no
sentido de ser ouvido o antigo secretário regional Fagundes Duarte, e que teve
lugar no dia 21 de Novembro em Angra do Heroísmo, com presenças pessoais e
participações directas ou através de vídeo-conferência, constituiu, a todos os
níveis e pontos de vista, um acontecimento inédito
e marcante nos Açores, tanto pelo processo
que a gerou quanto pelo conteúdo dos
relevantes temas que ali estavam (e permanecem!) em causa e que foram
efectivamente discutidos e clarificados de modo adequado, proporcionado e até
potenciador de esperados e subsequentes
desenvolvimentos, alcances e consequências político-partidárias, institucionais
e cívicas...
– Deixando para posterior
ocasião uma análise detalhada de quanto ali ocorreu – e do qual não deixarão
certamente de dar conta nos próximos dias os OCS e as Redes Sociais –, queremos
apenas nesta ocasião salientar o especial significado:
1) Da persistência democrática e lisura com que o PSD (através em
primeiro lugar do deputado António Ventura) sempre deu provas em todo este
intrincado imbróglio, no que aliás foi devidamente acompanhado pelos restantes
partidos da Oposição (com a lamentável e
inadmissível excepção do PCP), que não hesitaram em criar uma frente
susceptível de fomentar novos espaços de participação, discussão e intervenção
públicas, gerando mecanismos criadores de maior transparência de meios e fins
nos tantas vezes obscuros meandros da administração e da vida regional;
2) da coragem e firmeza de que deu mostras Luiz Fagundes Duarte, mantendo
a palavra dada e fornecendo, com legitimidade ética e independência de vontade,
toda uma série de elementos que, desde o princípio aliás, deveriam ter sido
levados em conta no seio da própria comissão parlamentar que, em primeira
instância, os pretendeu apurar, mas que, por mão discricionária do PS,
inviabilizou tal desiderato; e
3) da corresponsabilização político-partidária e governamental que, ao
mais alto nível, deve ser agora imposta por via da verdade dos factos que, finalmente, vieram à luz do dia,
confirmando tudo o que deles fora sinalizado!
– Entretanto e após esta
sessão, conforme divulgado no Portal Azores
Digital, o PSD/Açores, pela voz de António Ventura lamentou “o secretismo
inaceitável” que tem rodeado todo este processo, salientando mesmo que “esta
audição trouxe preocupações, acrescidas a todas as dúvidas que já tínhamos
sobre um processo que é, no mínimo, estranho. Temos que perceber o que é que se
passa, que forças são essas e que secretismo é esse, que impedem o apuramento
da verdade”.
E questionando ainda mais
fundo, o parlamentar deixou por fim outras pertinentes perspectivas de grande
alcance e que não deixarão certamente de merecer a devida atenção por parte de
todas as instâncias políticas, jurídicas e (eventualmente até) judiciárias, ao
declarar:
– “Temos um director regional
que omite informação sobre supostas ilegalidades, um secretário regional que
não conhece a informação, temos um ex-secretário regional que diz que o
presidente do governo teve conhecimento dessa informação e ainda um
vice-presidente do governo que não quis avançar com um inquérito sobre o actual
director do Museu de Angra”, relembrando finalmente que estão em curso investigações, pelo Tribunal de Contas, “relativas
às obras da nova Biblioteca de Angra, do Museu da Boa Nova e do Centro de Artes
Arquipélago. Acções confirmadas pelo ex-secretário regional e cujas conclusões
ainda não são conhecidas, o que só prova que há ainda mais a descobrir e que as
suspeitas aumentam”...
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Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 25.11.2014):