Recorrências da História
_________________________________
Nas suas reflexões sobre a
História e o Conhecimento Histórico, e naquilo que nele desempenha um papel
crítico fundamental na formulação da sua própria filosofia, Giambattista Vico (1668
- 1744) desenvolveu toda uma teoria baseada nos conceitos de “corsi e ricorsi”,
categorias usadas para tentar explicar a sucessão
ou o percurso recorrente das três
fases ou estádios pelos quais as Civilizações passariam, conquanto não
exactamente de modo cíclico, antes
como que em espiral (e em todo o caso
sempre de modo não linear nem positivisticamente teleológico), propondo assim o
pensador napolitano um modelo de
interpretação dos movimentos e processos
históricos, jurídicos, filológicos, simbólicos e poéticos que teria
influência em diferentes filósofos, historiadores, romancistas e sociólogos
posteriores (v.g. Condorcet, Marx, Nietzsche,
Comte, Benjamin, Voegelin, Ricoeur e MacIntyre).

– Mas vem isto mais a propósito
dos dramáticos acontecimentos que
marcaram o nosso quotidiano nos últimos dias e horas, e que não podem deixar de
fazer-nos pensar mais profundamente sobre tudo aquilo que parece assomar de novo como factores dinâmicos,
elementos ideológicos e valores práticos (des)estruturantes das Sociedades e
Estados, desde os actualíssimos fenómenos
do Terrorismo à escala global (agora mais sensivelmente próximos e
agudizados devido aos criminosos atentados em França!) até aos tão mediatizados desplantes eborenses
nacionais (perante o Direito e a Justiça...) e aos compreensíveis e justificados alarmes regionais (comprovação aliás
do já esperado!), face aos desfechos
na Base das Lajes.

Ora – independentemente de aos
outros assuntos voltarmos –, mas perante as já conhecidas e primeiras reacções
institucionais portuguesas ao anúncio das reduções de efectivos nas Lajes, que
se mais se poderá acrescentar hoje (a não ser um triste meneio de cabeça...) ao
que tanto foi aqui dito e redito ao longo dos últimos anos (pelos menos desde
1994...), perante as inteligências e competências moucas, incríveis inércias e faltas
de credibilidade política, partidária e técnica de todas as partes envolvidas neste histórica e recorrentemente falhado encontro com o destino de
Portugal e com a realidade nua e crua do mundo contemporâneo!?
__________________
Em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 10.01.2015):
Azores Digital:
e RTP-Açores: