Toque a Rebate!
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Em várias das Crónicas do ano que
terminou – mesmo sem passar hoje em revista os acontecimentos mais
significativos da vida política (administrativa, parlamentar e institucional), socioeconómica,
cultural, associativa, comunicacional, religiosa e cívica do País, dos Açores
em geral e da Terceira em particular –, relembro ter aqui acentuado que muitos
dos reveses, retrocessos ou impasses
em que cumulativamente fomos caindo e que atingiram de modo implacável e
preocupante as dinâmicas (e a falta delas...), os tecidos
societários e as diversas estruturas materiais
e mentais da nossa comunidade, foram devidos, em parte grande, a toda uma
série de abdicações, cumplicidades e acomodações públicas e privadas dos agentes, sectores e organismos
locais (que é como quem diz dos seus actores e vozes) mais historicamente dantes relevantes,
interventivos e conscientes, mas que, infelizmente, vem sendo reduzidos a simples ecos ou impotentes
espectadores de um estagnado charco,
quais caixas de submissa ressonância
de toda uma panóplia de interesses estrategicamente
pensados e executados a nível regional e por aqui aceites de cerviz dobrada...
É claro que tudo isto
dramaticamente acontece em conta, peso e medida perante a total ausência de consciência e de horizontes (de futuro e de
passado!) a que parecemos condenados, tanto mais quanto, por muito que nos
custe assumir, a realidade e a imagem que
tem sido dadas (ou consentidas) da nossa ilha e daquilo que já (não) valemos em
certos domínios, correspondem de jure
e de facto ao represado patamar de menoridade aonde chegámos (amiúde por culpa
própria, cumplicidade silenciosa, ignorância, preguiça e serventias de todo o
género), numa escalada de falências
sistémicas (estruturais e humanas) que dificilmente superaremos sem
lideranças mobilizadoras, sem elites esclarecidas e sem colectividades trabalhadoras
e empenhadas!
– Deste ponto de vista, uma
atenta comparação entre os valores e os quotidianos que nos cercam e o mundo
vivido, visto e problematizado há meio século (tal como v.g. nas páginas da
Comunicação Social de então ficou arquivado, conforme veremos), poderá
constituir um bom exercício crítico
e, quiçá, um toque a rebate para os
tempos ainda mais difíceis que vão chegar...
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