Os brilhos da Glacial
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Na Imprensa regional portuguesa e
no Suplementarismo açoriano – a par, em modos diferenciados, da Pensamento, da Artes e Letras do “DI” e da Gávea,
sem levarmos em conta os nossos Institutos, naturalmente –, talvez não tenha
havido projecto editorial, literário e artístico (e de cidadania intelectualmente empenhada e socialmente comprometida) tão arrojado e marcante como o
desenvolvido ao longo de anos (15.07.1967 – 23.06.1973, e depois, noutra forma,
em 74) pela Glacial – Página de Literatura e Pensamento, originariamente das Letras e das Artes de “A União” (na altura liderada por Cunha
de Oliveira, director, e Artur Goulart, chefe-de-redacção deste vespertimo angrense, tão leviana e infaustamente já condenado ao desaparecimento…).
Ora perfeitamente integrada no
espírito informativo e formativo daquele jornal – nessa distante (e em parte saudosa...)
época do passado século terceirense, e ali concebida e produzida de modo
aberto, conscienciosamente livre e autónomo – foi a Glacial coordenada e dirigida pelo poeta e escritor Carlos Faria,
um infatigável viajante, apaixonado das ilhas, continental nascido na Golegã,
porém açoriano de inteligentes afectos
e universais poéticas a quem os
Açores e todos nós tanto devemos (mais, aliás, do que a muitos dos que
abusivamente de tal estatuto de ocasional naturalidade ainda hoje se reclamam e enfeitam...).
– Mas vem isto a propósito da notável, merecida e justa difusão que tem vindo a ser feita da obra e da vida de Carlos Faria em vários Sítios da Net, especialmente através e no seguimento das previdentes e meritórias digitalizações documentais da Biblioteca Pública de Angra (então sob orientação de Marcolino Candeias), e bem assim através dos esmerados empenhos da respectiva divulgação, graciosamente desenvolvidos, entre outros, por Costa Brites e Carlos Nuno Faria (na página dedicada a seu pai, Carlos Faria, na rede social Facebook).
– Mas vem isto a propósito da notável, merecida e justa difusão que tem vindo a ser feita da obra e da vida de Carlos Faria em vários Sítios da Net, especialmente através e no seguimento das previdentes e meritórias digitalizações documentais da Biblioteca Pública de Angra (então sob orientação de Marcolino Candeias), e bem assim através dos esmerados empenhos da respectiva divulgação, graciosamente desenvolvidos, entre outros, por Costa Brites e Carlos Nuno Faria (na página dedicada a seu pai, Carlos Faria, na rede social Facebook).
Mas depois, ainda neste sentido e
neste âmbito, merece certamente um registo especial toda a bela e relevante Documentação (textos e imagens) que tem sido disponibilizada e está acessível
para consulta nos próprios Blogues pessoais de Costa Brites:
– O primeiro deles (em https://karlosfaria.wordpress.com/), guardando escritos de Urbano Bettencourt, Artur Goulart, Onésimo Teotónio de
Almeida e Eduardo Bettencourt Pinto, a par de de um magnífico repertório sobre
a Glacial, sua história, percursos e colaborações,
incluindo um precioso arquivo praticamente integral das suas edições
fac-similadas em “A União”, para além de uma relação e antologia do movimento da
Gávea/Glacial, da
entrevista/manifesto Rogério Silva/Gávea (1971), da transcrição (no jornal
“Açores” de 23.01.1970) de um memorável depoimento de Carlos Faria ao programa
“Vertical” da emissora “Asas do Atlântico", de uma reconhecida nota e link para um notável trabalho académico de Lusa Ponte, e – enfim – de uma narrativa pessoal
de Costa Brites sobre Carlos Faria, suas ligações, encontros, influências
(Arrabal, Lorca...), círculos de amigos, companheiros ou camaradas de Letras e de Artes (entre outros, Rogério Silva, Dias
de Melo, Ernesto do Canto da Maia, Armando Côrtes-Rodrigues, Tomaz Borba Vieira,
Santos Barros e Ivone Chinita).
Por seu lado o segundo Blogue/Página (também acessível em (https://costabrites.wordpress.com/)
– incidindo variada mas primordialmente sobre as criações e obras artísticas de
Costa Brites (com destaque para as suas figurações espaciais, desenhos e pinturas de
Coimbra), os seus laços familiares, viagens, presenças e produções
teórico-críticas, etc. –, deixa igualmente bem manifestas todas as suas
proximidades ou aproximações aos Açores, nomeadamente por via de Carlos Faria e
de Rogério Silva.
– Todavia, sobre a Glacial e o seu ímpar e integrado
significado como factor de afirmação
histórico-cultural, artística e sociopolítica “do campo literário açoriano”, a
partir da aplicação de categorias críticas de Pierre Bourdieu, não posso deixar
de tornar a recordar e mais novamente recomendar aqui, para concluir esta sucinta lembrança de tantos
nomes, ideais e realidades que nos foram e são próximos, convivenciais e
inspiradores, a tantas vezes (indevida e injustamente) esquecida Tese de Doutoramento apresentada na
Sorbonne (2010) por Lusa de Melo Ponte. E assim, veja-se o respectivo texto integral, disponível aqui:
http://www.e-sorbonne.fr/sites/www.e-sorbonne.fr/files/theses/De-Melo-Ponte_Lusa-Maria_2010_these.pdf),
– no que constitui uma admirável investigação, recolha sistemática e tratamento sério de quanto paradigmaticamente confluiu nos projectos e nos legados da nossa Glacial, e do quanto desde ali permanece vivo e vigente, na presença ou na ausência do seu brilho, por sobre a crescente ignorância e a gélida indiferença deste tão insulado, indigno e obscuro tempo actual...
http://www.e-sorbonne.fr/sites/www.e-sorbonne.fr/files/theses/De-Melo-Ponte_Lusa-Maria_2010_these.pdf),
– no que constitui uma admirável investigação, recolha sistemática e tratamento sério de quanto paradigmaticamente confluiu nos projectos e nos legados da nossa Glacial, e do quanto desde ali permanece vivo e vigente, na presença ou na ausência do seu brilho, por sobre a crescente ignorância e a gélida indiferença deste tão insulado, indigno e obscuro tempo actual...
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