sexta-feira, novembro 20, 2015


O Avental e a Tanga
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 A recente realização de um evento maçónico, promovido e organizado pelo Centro de Estudos Maçónicos, com o suporte da Câmara e Cooperativa Cultural da Praia da Vitória, constitui feito digno de registo por tudo o que significou, revela e esconde, tendo-se em conta a atenção, cobertura e reacções que granjeou e as análises que (não) suscitou na colectividade local (de resto mais fadada para a tanga do que para o avental), do ponto de vista político-cultural, filosófico, doutrinal, ético, ideológico, cívico e socio-histórico!


Ora tal certame, variante de cimeira inter-pares, tendências e lojas (ainda para catequização, aliança e propaganda), como fora habilmente pretendido e ficou à vista de quantos não andam por cá de olhos vendados ou vendidos, apesar de a muitos dos seus organizadores, patrocinadores e “compagnons de route”, provavelmente ornados de meias viseiras ou antolhos para vesgos aprendizes de rito e ideário da dita “sociedade secreta”, talvez lhes terem, em dia solar, ilusoriamente soado badaladas de distante consciência em sinos e tinos de intenção programática, se é que não foram, em noite de quarto escuro, sem lua na faixa ou martelada de almofariz, sujeitos a investiduras de luva, com toda a dimensão “iniciática” que cartilhas, juras e compassos debitam (e a “irmandade” cobrará para “o bem e o progresso da humanidade”, sob o triangular olho vigilante do supremo arquitecto...).


Porém, por entre tanta hipócrita e cínica maçãzinha escondida nesse cesto e toca de secretismos e poder – vantagens em comércios e tráficos de almas, corpos e influências à parte –, o mais espantoso e repugnante é o podre silêncio, mais ou menos pacóvio, comodista, cobarde, levianamente cúmplice ou apenas acéfalo de toda uma comunidade e suas instituições historicamente relevantes e responsáveis (v.g. a Igreja, que doutrina tem sobre o tema!), cada vez mais reduzidas a expressão fútil, indefinida, nula ou oca (estulta e até paganizada nalguns casos), para além da objectiva traição de banais “académicos”, pastores, inocentes úteis, débeis “intelectuais” (conquanto incultos e encanastrados), e de certos próceres políticos (que nadam, pululam e nidificam como parasitas e camaleões em pântano, com moscas partidárias à ilharga do umbigo e das orelhas...).
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Em Azores Digital:






















"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 21.11.2015):




























e RTP-Açores:
http://www.rtp.pt/acores/comentadores/eduardo-ferraz-da-rosa/o-avental-e-a-tanga_48773.