Quem prestar atenção aos discursos e bordões de linguagem que enxameiam o espaço público circundante, não deixará de impressionar-se com a recorrência de uma série de conceitos, juízos e envergaduras de raciocínio…
– Modismos vários, apoios elocutórios para balbuciações, toques de claque e pausas mimadas (quase sempre da voz do dono ou do chefe, até aos limites do tom menor), enriçados ou seriados pontapés na gramática e nos cós da consciência…), – um pouco de tudo isso nos é dado colher nas tribunas, dichotes de bancada ou afoitos depoimentos eloquentemente emitidos pelos nossos mais prodigiosos actores, empreendedores mediáticos e políticos!
Porém, com o acentuar da crise (ubíquo vocábulo-gazua para toda a palha que se queira servir à mesa ou ao redil dos leigos na matéria), também nos vem chegando outras expeditas nomenclaturas, girando à volta de cifras que nem moeda cunhada em roleta para comprar e vender pescado e almas em cesto roto…
Ora vários daqueles bordões – que tanto podem ajudar a pensar, como nada significar –, vem bastas vezes determinados a partir de discursos, truques e ideologias híbridas e contraditórias! E então nas áreas da Economia e da Gestão da coisa pública ou privada – mas mais na primeira, que não pesa na bolsa pessoal dos seus transitórios (ir)responsáveis, e aonde se falsificam até as escarmentas dos melhores mestres… – nem se fala, de tanto ali estarem pautadas as banhas e as bainhas com indubitáveis obviamente(s), e cuja evidência, suposta, a ninguém, pelos vistos, deveria escapar!
– Mas oxalá que de tais iluminações nos livre o sombrio destino sorte, ao menos para não regressarmos às tentações do pá do Otelo, ou aos olés que o dito sonhou implantar por sobre a inteligência submissa e humilhada do que resta do nosso País, para quem os históricos nós na língua e as proverbiais varas no lombo, ciclicamente, parecem às vezes ser mesmo o consentâneo corolário da sua fatídica e culpada decadência.
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Publicado em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 12.11.2011):