As Espumas da Praia
Na ilha Terceira, as Festas da
Cidade da Praia da Vitória tem um historial mais ou menos vasto e conhecido,
apesar de reincidentes omissões e de
pequenos e forjados mitos que –
amiúde – rodeiam certas e (des)ajeitadas narrativas individuais e algumas
protocolares e retóricas evocações institucionais (demasiadas vezes feitas
conforme vai convindo aos conjunturais, variáveis e mutáveis interesses de
indivíduos e grupos hegemónicos na vida política, associativa, comercial e
económica dessa antiga, nobre Vila e sede do Concelho do mesmo nome).
O caso, de resto, não é exclusivo
dali e bastaria aliás uma simples compaginação dos seus aproveitamentos e
sucessivos programas, discursos, comissões, orçamentos, propagandas,
divulgações promocionais, feiras, reportagens e imagens documentativas ou
publicitárias para fazer-se uma ideia mais rigorosa e proporcionada dos seus a seus donos e donas, e das
respectivas e reais aferições de custo-benefício
ou contrapeso de despesa-investimento-ganho
a diversos níveis de avaliação
quantitativa e qualitativa…
Porém seja lá como for – até
porque não será esta a ocasião adequada para balanço das contas desse rosário – a verdade é que as chamadas
“Festas da Praia” vem gerando uma notória e crescente expectativa, tem
efectivamente granjeado uma medrante popularidade na ilha, alcançaram um
significativo impacto regional e junto das nossas comunidades imigradas, e
conseguiram pontuar alguma inovação e qualidade estética (especialmente nos
seus Cortejos e Marchas) que é justo registar e salientar, apesar do esbatimento ou inexistência de muitas
outras, desejáveis e regulares componentes que uma regrada programação festiva, sociocultural, artística e lúdica
deste (digo, de outro alternativo ou,
pelo menos complementar…) jaez vem
reclamando desde há demasiado tempo!
Todavia, de todo e qualquer modo,
estas Festas parecem mesmo conseguir avivar uma genuína e ciosa intuição de pertença memorial e de dilatada identificação espácio-temporal
de e entre os Praienses, envolvendo-os a todos e àquelas num particular sentimento saudoso (embora nem sempre
muito criticamente consciencializado,
mas que por si só é positivo, humanamente compreensível e acaba justificado).
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Publicado em:
Azores Digital – http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=2253&tipo=col
“Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 05.08.2012) – http://www.diariodosacores.pt/n/
Outra versão em:
“Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 04.08.2012) – http://www.diarioinsular.com/