O Sono das Responsabilidades
Numa Democracia parlamentar, cabe
(ou deveria caber…) aos partidos políticos um importante papel em toda a
actividade directa ou indirectamente ligada à governação, ao exercício livre e responsável
da cidadania, e à participação individual e colectiva na vida institucional, cultural
e cívica do respectivo País ou Região…
– E isto tanto mais quanto essas
organizações (legalmente constituídas, reconhecidas e funcionalmente
financiadas em retroacção com e pelo Estado…) costumam deter um controlo quase absoluto sobre todos os mecanismos e instâncias do Poder,
numa teia imensa, complexa, co-implicada e inter-urdida de agentes, factores e
interesses que depois e na prática são quem
e o que domina os aparelhos, formações, estratégias e mecanismos
decisórios, ideológicos e materiais da sociedade!
Por outro lado, e como é natural,
neste e noutros âmbitos da existência humana em comum, são muitos e variáveis
os valores, os princípios, os objectivos e as configurações que essas
estruturas representam, assumem, medeiam e executam segundo lógicas díspares e até conflituais, mas
sempre fundamentalmente dirigidas à tomada
das rédeas e redes de governo ou à sua perpetuação
hegemónica nos mais sortidos centros e tutelas do mando societário,
político-jurídico, psicossocial e espiritual das nações e dos cidadãos.
– Nada disto é historicamente novo
e sempre foi pensado, reflectido e ensinado desde os clássicos, tanto para prevenir como para remediar os
males civis e morais, o correlativo descrédito
do político e a desordem ou a desorganização social, fenómenos que já
o bem lembrado personalista Emmanuel Mounier reconhecia como próprios do descrédito e da decadência da própria Política,
– então aí e assim arrastada “pelas mais baixas zonas da ideologia, do
sentimentalismo e da intriga”, e aonde a vida
pública (como aliás também a vitalidade da vida privada) degenera, recalcada “num domínio fechado, tão
estranho ao homem interior que
aqueles que conservam o sentido da pessoa
e o que nós chamámos o sentido do próximo
adquiriram pouco a pouco uma invencível repugnância
por ela”, – sentimento talvez só equiparável à triste indiferença que um povo livre
(quando tornado escravo…) manifesta
ao dormir o sono solto “da abjecção e
da ignomínia”, como ainda perto do espírito das nossas insulares, injustas e
recorrentes realidades muito bem denunciou o nosso Antero!
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Publicado em Azores Digital: http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=2261&tipo=col
RTP-A: http://www.rtp.pt/acores/index.php?article=28435&visual=9&layout=17&tm=41
"Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 25.08.2012): http://www.diarioinsular.com/;
"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 26.08.2012): http://jornal.diariodosacores.pt/;
Networked Blogs:http://www.networkedblogs.com/blog/os-sinais-da-escrita?parent_page_name=source
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