O Poder das Teias
Em finais de Novembro do ano
passado, tive oportunidade de publicar nestas páginas um texto intitulado “As
Colunas do Poder”, onde registava a grande notoriedade – especialmente em
importantes OCS nacionais – que haviam então merecido conjugadamente a
Maçonaria e a Política lusas, numa “significativa, ampla e desusada abordagem,
à qual não faltaram muitos dos atraentes motivos e ingredientes que sempre
estiveram, e ainda estão, associados àquela aureolada instituição”, não
deixando de reparar ainda que causava alguma estranheza o facto de ser
precisamente em época de crises generalizadas que entre nós esses temas tivessem
sido trazidos ao espaço e ao conhecimento da generalidade da opinião pública da
forma como o foram, sendo porém que o que mais terá motivado muita da oferta de
tal produto mediático fora certamente o
rol de nomes dos “irmãos” por ali
e na ocasião elencados como pertencentes à dita associação secreta, – para além,
naturalmente, do facto de tal tema ser mesmo apaixonante, revestindo-se de
inusitados alcances, directos e indirectos, para o estudo da História e das
Mentalidades.
Ora agora, conquanto nada disto
sendo novidade de maior, cá vemos outra vez o assunto nas manchetes dos OCS e
nas redes sociais, só que desta feita com a divulgação confluente, no Blogue
“Casa das Aranhas” (http://casadasaranhas.wordpress.com/),
de uma vasta lista (cerca de 1.400 membros da Maçonaria), onde figuram, embora
pela ordem alfabética divulgada apenas até à inicial “M”, nomes, provavelmente
reportáveis a 2004/5, de figuras públicas nacionais e de alguns reconhecidos indivíduos
dos Açores e da Terceira (v.g. na Loja “Vitorino Nemésio) …
– Todavia a relevância do caso
advirá talvez, para alguns, ou da
comprovação daquilo que já era de há muito mais ou menos sabido, ou então, por
outro lado, conforme já afirmaram António Reis e António Arnault (antigos Grão-Mestres
do GOL), devido a esta divulgação ser “muito preocupante” por assinalar uma “intrusão”
no sistema informático da sociedade secreta a que pertencem, ter sido obra de
um “infiltrado” ou fruto de uma “imprudência”!
Seja lá como for, do elenco dos
tão ilustres maçons vindos presentemente à luz do dia creio poder tornar a
concluir-se que na Maçonaria, como em todas as instituições, haverá gente de
bem, de mérito e de genuína valia, a par de outros – como hoje é mais do que
evidente continuar a poder ser constatado!
–, cuja errática e oportunista carreira, mediocridade humana, intolerantes
práticas e pérfidas jogatinas de poder, influências e fortuna serão mesmo o contra-testemunho contínuo e recorrente de
quaisquer tipos de nobres ideais
fraternos e humanistas (ou assim pretensamente
assumidos como tal nas cabeças trianguladas e nas pedreiras brutas daquelas
lojas e lojecas) …
– E depois ainda, como escrevi
antes, se este é um assunto também profunda e propriamente filosófico,
político-institucionalmente muito crítico e cujos contornos sistemáticos,
teóricos e práticos devem ser sempre relembrados com frontalidade –, não menos
importantes, fundamentais e decisivos são os problemas do secretismo institucional, do
conflito de interesses e até da
hipocrisia pessoal e do cinismo
ético e convivencial que estão aqui profundamente co-implicados, – passando até
e amiúde (ou imaginando passar…) os ditos “irmãos” a toda a restante sociedade
civil e à livre comunidade cívica comum um repugnante
e inadmissível atestado de menoridade mental, cultural e espiritual, quando
não até a reivindicação de um estatuto de
excepção, intolerável à luz da transparência
social e democrática do Direito, da Justiça e da Verdade!
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Publicado em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada,
01.09.2012):
Azores Digital:
RTP-Açores:
e Networked Blogs:
Outra versão em "Diário Insular" (Angra do
Heroísmo, 01.09.2012):