Um Final de Ciclo
Coincidindo com o final deste ano
de 2012, as notícias e informações correntes sobre a Base das Lajes sinalizam
cada vez mais também um outro encerrar de
ciclo, ou fim de era, já não apenas no calendário periódico das
nossas rotineiras cronologias formais –
se é que algumas desse género, e somente assim de modo abstracto, alguma vez terão
existido na contagem civilizacional, cultural e humanamente significante dos
tempos e do Tempo… –, quanto, muito para além delas, assinalam algo de muito
mais profundo, relevante e crítico na própria génese progressiva da História e
dos seus ciclos conjunturalmente estruturantes, – a saber, no nosso caso e em
primeira ou imediata proximidade, da História Regional e Local, conquanto na
esfera mais ampla da História de Portugal e da História do Mundo, com destaque
para o Ocidente e para o Atlântico.
– Ora é aqui mesmo que se tem
revelado precisamente em toda a sua evidente e intrínseca limitação temática,
precariedade metodológica, fragilidade científica e irrelevância
político-institucional a maior parte dos discursos, posicionamentos e
abordagens que sobre esta realidade una e compósita problemática tem sido produzidos, desde há sete décadas (cerca
de 1943 até hoje…) que agora se fecham, sobre e com a Base das Lajes!
É claro que esta percepção não
desconhece nem subestima em nada a grande qualidade de alguns estudos
(regionais, nacionais e internacionais) sólidos, documentados, críticos e
prospectivos, e bem assim a razoável quantidade dos montes e pilhas de páginas,
películas e retóricas mais ou menos mediocremente oficiosas (quando não
oficiais!), tidas e acolhidas como coisa valiosa e até digna da melhor
mediatização bombástica, especulativa ou apenas de pura diversão passageira (à
falta de melhor e maior solicitude para tudo aquilo que verdadeiramente
interessaria pensar, reflectir e levar a justa consequência).
– Haveremos de voltar a este assunto no Ano Novo que aí vem, batidas
quase as aziagas e desoladoras horas de um futuro
já próximo, quando tantos açorianos da Terceira vão tornar a ficar
condenados, talvez como no Corsário
se prenunciava, “não já ‘a ver navios’, como os seus antepassados do alto da
Serra da Praia espreitando o ilhéu do Espartel, sem outro horizonte aéreo que
não fosse o de milhafres e pombos bravos, mas a ver aviões que nunca mais [os]
hão-de levar aonde os seus sonhos o deitavam”…
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Publicado em Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=2320&tipo=col;
RTP-Açores:
e Jornal “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 30.12.2012).
Outra versão: Jornal “Diário Insular”, Angra do Heroísmo,
29.12.2012.