sábado, dezembro 07, 2013



Uma Caixa de Pandora?


1. Não havendo necessidade de referir os nomes próprios (aliás de reputação e abonos bem díspares…), entidades de alcunha e abençoadas filiações (com frentes e tachinhos de barro umas, e testas e caçarolas de ferro outras, mas todas e todos tangendo a mesma caixinha registadora e de música curricular, técnica e historicamente conhecida…), que na Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo e na sua Caixa Económica da Misericórdia (CEMAH) directa ou indirectamente nestes problemáticos dias estão calculando jogos, disputando balanços, agitando pessoas e arregimentando programas, interesses, tácticas diversas e divergentes estratégias – conforme já contabilizado mediaticamente e em bastidores e gabinetes gestionários de múltiplos mas confluentes domínios, parcerias e áreas de intervenção económico-financeira, empresarial, comercial, laboral, assistencial-caritativa, formativo-educativa e associativa) –, e assim mais importante do que fazer também análise minuciosa, ou desmontagem, de tão marcante acontecimento actual da sociedade terceirense, importará certamente registar aqui e ali a existência de complexas linhas de força real e simbólica, cada qual com alcances institucionais e societários concretos e precisos (embora nem sempre politico-económicamente evidentes ou muito imediatamente transparentes).


 2. Fundada em 1896 – na sequência de uma ideia do então Governador Civil de Angra, Afonso de Castro, um político continental (Lamego, 1824 - Leiria, 1885), militar, deputado e administrador colonial que havia exercido idêntico cargo em Timor e na Madeira –, a CEMAH viria a assumir, por mão de empreendedoras elites locais, primordial importância e crescente e relevante papel “não só no desenvolvimento da actividade bancária regional mas, sobretudo, no auxílio à realização dos fins sociais” na Terceira e restantes ilhas do grupo central (para onde se expandiu a partir de 1979, conquanto hoje, com dimensão e presença açoriana consolidadas, em já anunciada extensão para a praça e os balcões de Lisboa).


 3. Ora é neste exacto contexto que não poderá deixar de atender-se ao que a constituição de 2 Listas Eleitorais para os órgãos directivos da CEMAH e da SCMAH revela, tanto na perspectiva técnico-económica quanto do ponto de vista sociopolítico, para não dizer político-partidário – até porque nesta vertente, probabilisticamente à partida falhada (ou, talvez melhor, destituída de solidez interna e externa nesta outrossim superiormente e alhures coordenada contenda, uma daquelas singulares e sintomáticas coligações corre o risco de sair duplamente vencida, apesar de estar fragmentando a indiscutível hegemonia de alguns dos vários poderes conjunturalmente vizinhos e encaixados na outra) –, nessa quase escorregadia Caixa de Pandora cujas paredes, balancetes e heranças patrimoniais não serão tão diáfanos e consensuais como antes pareceram a gerentes, depositantes, clientes, investidores, parceiros e vizinhos de circunstância ou conjuntura de mercado bancário, institucional e político, na Região e no País.
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Azores Digital:


RTP-Açores:


"Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 07.12.2013):


Outra versão em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 07.12.2013):