sábado, dezembro 21, 2013


Uma leitura de Advento


Da autoria do Papa Francisco, a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho*) é um documento pastoral que deverá marcar “uma nova etapa evangelizadora (…) e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”, visando fecunda e revigorada nova acção missionária no mundo actual, aqui caracterizado como assente no grande risco de “uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada” e de uma “vida interior” fechada nos próprios interesses, onde “deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”!


– Elaborada com discernimento e ousadia por este Papa latino-americano – vindo da Companhia de Jesus e de um continente-mundo outro –, a Exortação propõe, com admirável e corajosa pertinência, “algumas directrizes que possam encorajar e orientar” o imperioso tratamento de toda uma “multiplicidade de questões que devem ser objecto pistas, temas, problemas e exigentes pensamentos, a par e por entre vividos ou agudamente percepcionados dramas históricos, denúncias proféticas e desafios religiosos, culturais e civilizacionais, abordados não “com a intenção de oferecer um tratado, mas só para mostrar a relevante incidência prática destes assuntos na missão actual da Igreja”:

“É a hora, escreve pois Jorge Bergoglio, de saber como projectar, numa cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de consenso e de acordos, mas sem a separar da preocupação por uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões”!

– Oxalá esta Exortação fosse bem lida, competentemente estudada, debatida e cotejada com outros documentos da Doutrina Social, vindo assim a ter implicações práticas na vida da nossa sociedade e da Igreja que está nos Açores, neste Natal das Ilhas, onde – como escrevia o poeta – “Já brilha/ Nas ondas do mar de inverno/ O menino bem lembrado,/ Que trouxe da sua ilha/ O gosto do peixe eterno/ Em perdão do seu passado”…

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e Jornal “Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 21.12.2013):