Olhos e areia na Praia da Vitória
sob ventos e marés da FLAD
Por ocasião do II Fórum Roosevelt, promovido pela FLAD
em 2010, no discurso ao Plenário que decorreu a 15 de Abril na Praia da Vitória,
o seu principal responsável, meritório organizador e efectivo coordenador –
Mário Mesquita – teve a sinceridade e nobre gentileza de confessar (nomeando-me
de surpresa e publicamente) que aquela sessão sobre “As relações transatlânticas e os equilíbrios internacionais emergentes” ocorria
precisamente ali devido a um crítico
reparo feito no meu artigo “Os Senadores e as Poldras do Atlântico”, publicado
anos antes (25.07.2008), e onde, apreciando os modelos projectados para tal tipo de encontros, sublinhei esperar-se – “certamente”! – que a Praia
da Vitória não fosse esquecida e justificadamente figurasse de modo visível no Fórum
seguinte; o que de facto aconteceu!
– Ora vem esta
memória a respeito da diligente proposta, aprovada em 16 de Janeiro, que o
deputado Aníbal Pires (PCP) levou à ALRAA, exigindo que a FLAD – criada, como é
sabido, à sombra financeira e diplomática das Lajes mas desde sempre palacianamente
sedeada em Lisboa – abrisse uma delegação ou sucursal nos Açores, mais precisamente
na Praia da Vitória….
E vai daí, os
partidos, com destaque para o PSD e o PS, surfando
a maré fladista em cavadela, logo
vieram à liça, qual deles o mais inspirado, subscrevendo e cobrindo o oportuno
lance do PCP com tal aparato tribunício e destreza reivindicativa que certas
notícias quase nem deixavam perceber de quem partira a concretização de tal ideia
que – não sendo nova nem modelarmente
consensual – nunca fora formalmente levada a tão alta e significativa
reclamação …
– É claro que
nada nos garante (como se pressentiu) que a proposta do PCP, que agora passa a
ser do próprio Parlamento açoriano, venha a ter concretização cabal, muito
menos nos moldes e para os fins
idealizados por alguns líderes partidários locais, até porque o seu
estatuto, duvidosa estatura e rodopiante credibilidade, com antecedentes de (in)conveniência
(reveja-se aquele famoso “Relatório” que ficará para a posteridade como patético relambório e paradigmático testamento
sobre a Base das Lajes), – arremessos
ardilosos e recorrentes despautérios que deram aos olhos de todos a mais
desabonatória e areada imagem que desta terra imaginar se podia ver (desperdiçada),
e aos quais também aqui fiz várias referências nos
finais de Janeiro do ano passado, acentuando então, a dado passo, o seguinte:
“Ora, independentemente daquilo
que sobre tal ilustrado rebento municipal terá de ser posteriormente dito, mas
porque se trata de reais imagens e
imediatos interesses nossos
(açorianos e portugueses!), não posso deixar de confessar ter sido com um misto
de vergonha e de indignação que li semelhante e suposto “Relatório”, para mais
numa altura histórico-diplomática e com um destino negocial, estratégico e de
soberania que, ainda por cima, lhe pretenderam e pretenderão dar…
“ – Bem sei (calculo...) que o
dito “Relatório” não fará propriamente História (embora talvez provoque alguma
mossa conjuntural, ou suscite dobradas e piedosas risotas historicamente humilhantes para todos nós!). Todavia, e para além
disso, que aquelas espantosas letras e folhas hão-de certamente ficar para a
contemporânea história local dos Açores (e de Portugal no seu todo, desde a
mais humilde freguesia à mais científica e distinta Academia…), como um datado
e pequeno monumento (significante na sua insignificância…) à menoridade, à irresponsabilidade e ao nosso comprometedor e degradante retrocesso político, institucional,
social, cultural e mental –, lá disso não haverá a mínima dúvida!”…
Porém, hoje, não
posso deixar de terminar esta Crónica sem uma outra palavra final, de maior louvor esta, para João Ormonde,
representante da Comissão de Trabalhadores da Base das Lajes, que tão
dignamente se firmou e afirmou em Lisboa, junto de sindicatos solidários, de partidos
diversamente vigilantes e dos balofos e arrogantes senhorios (provisórios) dos
destinos do nosso pobre e subjugado País, aonde, como nos tempos de Eça, a
alegada ciência de governar se tornou
“uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão,
pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse”!
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Publicado em "Diário dos Açores"
(Ponta Delgada, 22 de Janeiro de 2014):
Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2519:
Primeira versão publicada em "Diário Insular"
(Angra do Heroísmo, 18 de Janeiro de 2014):
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Publicado em "Diário dos Açores"
(Ponta Delgada, 22 de Janeiro de 2014):
Azores Digital:
http://www.azoresdigital.com/colunistas/ver.php?id=2519:
Primeira versão publicada em "Diário Insular"
(Angra do Heroísmo, 18 de Janeiro de 2014):