As carapuças de Capucho
O teatro político-partidário nacional
foi há dias animado pela expulsão de
uma leva de filiados no PSD, com destaque para o seu dirigente “histórico” António
d’Orey Capucho, – facto que motivou comentários a rodos nos órgãos de Comunicação
Social e nas Redes Sociais, não faltando até, em alarmado coro, inúmeras análises, protestos e/ou congratulações de grupos,
comentadores e lobbies vindos à cena denunciar mais uma das degenerescências da partidária vida lusa
(facto em si indiscutível!), e mais purgas anti-democráticas, benfeitorias e/ou saneamentos, zelos jurídico-penais
e insólitos exageros de letra, – tudo conforme as bitolas, juízos e interesses
em jogo na costumeira febre com que tais dramas sempre tangem sensíveis cordas
e nervos num país que quotidianamente se esfrangalha...
– E assim foi, tanto mais quanto,
no caso António Capucho, dourados são os seus lembrados brasões, emblemática figura
que ele é do nosso democrático panteão ante
(oposicionistas tempos da CEUD e da CDE) e
pós-abrilino (fundação do PPD de Sá Carneiro)..., pelo que ainda a
propósito das suas probas barbichas e/ou méritos não faltaram ditirambos abonatórios
pelo tanto que ele lavrou em altos serviços dedicados à governação, à Pátria e
ao mundo (detentor que aliás é da Grã-Cruz da Ordem do Infante e Comendador das
Ordens de Mérito do Luxemburgo e Espanha)!
Acontece porém que este cavalheiro
da velha guarda social-democrata resolveu alinhar eleitoralmente contra o seu
próprio partido, em cujas listas antes desejou concorrer para vir a ser nada
mais nada menos que presidente da Assembleia da República (ambição ardente e
perdida a favor de Fernando Nobre, também este iluminado cidadão, ainda hoje,
tal como ele, insistindo em que tem “perfil” para Presidente da República, o mais
alto grau e a mais excelsa magistratura da Nação)...
Porém, fatalmente, lá acabou António
d’Orey Capucho banido da impoluta falange de Passos, Relvas, Isaltino & Cia.
Lda. (conforme estipulam Estatutos do partido que ele bem conhece e que ajudou
a tecer), por ter andado dentro e fora, faca na liga, olho na Lapa, fisga aqui,
mira acolá, lutando contra a sua própria camisola interior (encoberta por outra
provisoriamente envergada, até ver), mas... enfim, ligado ao PSD, filiado a
balancé (ou apenas em suspensão preventiva, sabática ou temporária, pouco
adiantando aqui tão subtis véus?).
– Ao menos, por ora, quem ficou
de capuz enfiado quando o PSD tentou “punir” os nossos Deputados Açorianos (de
resto em coerência totalmente
diferente!), não terá pio a abrir em toda esta carapuçada, já entretanto a caminho e ensaiando novos fracassos
institucionais e pessoais no seu carnavalesco
bailinho partidocrático...
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Em "Diário dos Açores" (Ponta Delgada, 21.02.2014):