Emendas e Sonetos da TV
Nos últimos dias voltaram a lume os
impasses, desacordos e diversos
(des)interesses que continuam a digladiar-se na e entre a Região e o Governo de
Lisboa – digamo-lo assim e preposicionando-o no terreiro da capital continental,
e mais aí talvez do que apenas das e nas
supostamente maturadas linhas mestras
para a CS do executivo de Passos e Portas.
Porém este assunto, não sendo inédito,
vem ganhando agora novos contornos, inserindo-se tanto no quadro global da necessária tentativa
de regulação (moralização e controle) das despesas gerais do Estado e dos
organismos dele funcionalmente dependentes, quanto entroncando numa questão que
não é só financeira, orçamental e empresarial, nem sequer laboral e técnica,
antes estando no cerne da política
governamental nacional (e regional!) para o Audiovisual...
– Ora como já foi explanado num
famoso estudo sociológico de referência, a Televisão sempre “faz correr um
perigo muito grande” – ou melhor e mais rigorosamente, vários e associados perigos... – “às diferentes esferas da produção
cultural”, crendo-se mesmo, “contrariamente ao que pensam e ao que dizem, sem
dúvida com toda a boa-fé, os jornalistas mais conscientes das suas
responsabilidades”, que a TV “faz correr um não menor risco à vida política e à
democracia”, do mesmo ou correlativo modo – entenda-se – que à própria Autonomia!
Todavia, se ninguém ignora aquele
juízo de facto (e paralelo lugar retórico...) que atesta ter a
RTP-A constituído (mas não por si mesma...) um dos factores (pilastra?) da construção da unidade açoriana – quando
não até da (ou de alguma) identidade
regional (matéria aliás discutível no que historicamente traduz em
simultâneo de veracidade e de
ficção para a verdade precisiva
dos conteúdos e dinâmicas dos Açores tanto como comunidade real de vida e destino como enquanto conjuntural comunidade imaginada) –, a verdade é que
nem sempre assim foi no passado, tal
como nada nem ninguém, com bondade e inocência (?), revendo-se recentes discursos e figurinos de certas fortunas
projectivas que por aí se agitam, nos
garante que assim não venha a ser no futuro...
– Antes pelo contrário!
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Em RTP-Açores: