A Pasteurização Turística
Nesta época do ano multiplicam-se
campanhas de divulgação dos países e regiões cujos patrimónios constituem
destinos apelativos para o Turismo, sendo que a maior parte delas envolverá (sob
pena de fracasso ou esbanjamento de verbas, trabalhos e ilusões...) toda uma
série de políticas, métodos e recursos (públicos e privados), indo da construção da imagem do que se quer fazer ver e vender, até à confluente
estruturação e implementação de complexas
redes logísticas e de serviços – desde
transportes até higiénicos manuseamentos de trens de cozinha... – capazes de viabilizar
e sustentar, a todos os níveis da chamada “fileira turística”, consequentes ofertas e credíveis respostas àquilo que serão, em
cada caso, os trunfos e as razões de ser dessa cada vez mais mundializada e concorrencial actividade!
– Nada disto é novidade de ouvido (ao menos em feiras, simpósios e bolsas de Turismo, ou nas sofisticadas acções da respectiva literatura e iconografia – desde vaquinhas em rotundas, mergulhos com tubarões ou lides à espera das puas de outra sorte..., passando pelos roteiros que, esses, faltam tanto, por desleixo, ignorância ou bairrismo..., e ainda pela “formação profissional” para agentes e vendedores temáticos, onde nenhum sofisticado meio au point ou PowerPoint carece de encómio.
Porém, continuam a vir à tona das
nossas águas, terras e ares de sonho
(ou apenas sonhados) múltiplos sinais
de impasses e adiamentos que penalizam,
desmotivam e levam a inegáveis falências
(apesar do arremesso falacioso das estatísticas e do cálculo propagandístico nas
contas e coberturas político-financeiras, a par daquelas micro-manigâncias de créditos e fundos bem/mal parados a
termo certo)!
– E no meio disto tudo, curtindo
mas ladeando por hoje velhos localismos (circuitos, hotéis, restaurantes e
“tentações” do resto...)*, só vendo para crer aquela (paga?) publicidade do imaginativo leitinho das
vacas açorianas, que – entrementes pastam no jardim – logo pingam bucólica e
directamente nas chávenas dos pequenos-almoços dos turistas, na mais ridícula rábula que só a nata jornalística
de um luso-marketing, pasteurizado à
maneira, conseguiu mungir...
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(*) - Veja-se a referência feita do DI:
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Em Azores Digital:
“Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 02.08.2014),
e RTP-Açores:
http://tv2.rtp.pt/acores/index.php?article=37105&visual=9&layout=17&tm=41: