Os Embustes Paliativos e o Ébola
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Como é (ou devia ser!) mais do
que sabido – embora se duvide cada vez
mais do minimamente sistemático conhecimento
e exigível empenho de facto dos
nossos governantes e políticos (nacionais
e regionais!) neste importante domínio da Saúde –, os Cuidados Paliativos (CP), tanto no âmbito que lhe é específico
quanto no campo que lhe é próximo, conatural e confluente dos Cuidados Continuados Integrados – e apesar
da sua crescente importância (humana, técnica e societária) – continuam a não
merecer em Portugal qualquer tipo de incremento sério, planeado e relevante, pese
embora a já abundante existência de
imperativa legislação incidente (v.g. Leis de Base e diplomas, como o
recente Despacho n.º 10429/2014,
rectificado pela Declaração 848/2014 de 12 de Agosto, do Gabinete do Secretário
de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, publicado no “Diário da República”, 2.ª
série, N.º 154, de 12 de Agosto último)...
– E isto para além de muitos
outros documentos indicativos, regulamentações, “guidelines”, estudos, relatórios,
memorandos e recomendações de todo o género, e de uma já repugnante panóplia nominalista, rotineira,
preguiçosa, proteladora e empapelada que, à mistura com indisfarçáveis olhares esquivos, retóricas e farsas para injecção semi-gaga de propaganda anestesiante e paleio tosco em doses maciças e seringa
fina, que não tem ido além de meras prosas
de intenção programática, cuja
implementação competente, responsável e credível não passou ainda para fora
dos esconsos limbos do adiamento, da
inoperância, da incapacidade e da mais miserável,
superiormente acobertada e impune simulação político-governamental, político-partidária
e parlamentar!
Depois, como se não bastasse toda
essa enfermaria de descuidos e desleixes recorrentes e persistentes –
para desencanto, revolta, descrença, desmotivação, sofrimentos e agonias de vida e de morte por parte de doentes,
famílias, prestadores de cuidados domiciliários, hospitalares e
institucionalizados – temos cada vez mais evidentes alertas e descontentamentos
dos especialistas, cientistas sociais e estudiosos nestas áreas socio-médicas,
a par, naturalmente, dos profissionais de saúde e da assistência social, de autarcas,
dirigentes associativos, animadores comunitários, IPSS, etc., etc.
– E sem entrarmos, por enquanto e
novamente, aqui, no vergonhoso e
intolerável caso particular dos Açores (zero equipas estruturadas,
integradas e devidamente reconhecidas!), basta dizer que das cerca de (pelo
menos) 110 equipas de Cuidados Paliativos necessárias, apenas existem (no
máximo) 11, em todo o País!
De facto, embuste idêntico só
agora, por estes dias dramáticos, nas
perigosas patranhas, mentiras tácticas e criminosas leviandades que tem sido irresponsavelmente afiançadas (e regionalmente consentidas e silenciadas!)
sobre o Ébola!
– Mas isto fica já aprazado para tratamento (não paliativo!) noutra
Crónica...
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Em Azores Digital:
RTP-Açores:
“Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 11.10.2014):