sábado, outubro 11, 2014



Os Embustes Paliativos e o Ébola
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Como é (ou devia ser!) mais do que sabido – embora se duvide cada vez mais do minimamente sistemático conhecimento e exigível empenho de facto dos nossos governantes e políticos (nacionais e regionais!) neste importante domínio da Saúde –, os Cuidados Paliativos (CP), tanto no âmbito que lhe é específico quanto no campo que lhe é próximo, conatural e confluente dos Cuidados Continuados Integrados – e apesar da sua crescente importância (humana, técnica e societária) – continuam a não merecer em Portugal qualquer tipo de incremento sério, planeado e relevante, pese embora a já abundante existência de imperativa legislação incidente (v.g. Leis de Base e diplomas, como o recente Despacho n.º 10429/2014, rectificado pela Declaração 848/2014 de 12 de Agosto, do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, publicado no “Diário da República”, 2.ª série, N.º 154, de 12 de Agosto último)... 


– E isto para além de muitos outros documentos indicativos, regulamentações, “guidelines”, estudos, relatórios, memorandos e recomendações de todo o género, e de uma já repugnante panóplia nominalista, rotineira, preguiçosa, proteladora e empapelada que, à mistura com indisfarçáveis olhares esquivos, retóricas e farsas para injecção semi-gaga de propaganda anestesiante e paleio tosco em doses maciças e seringa fina, que não tem ido além de meras prosas de intenção programática, cuja implementação competente, responsável e credível não passou ainda para fora dos esconsos limbos do adiamento, da inoperância, da incapacidade e da mais miserável, superiormente acobertada e impune simulação político-governamental, político-partidária e parlamentar!


Depois, como se não bastasse toda essa enfermaria de descuidos e desleixes recorrentes e persistentes – para desencanto, revolta, descrença, desmotivação, sofrimentos e agonias de vida e de morte por parte de doentes, famílias, prestadores de cuidados domiciliários, hospitalares e institucionalizados – temos cada vez mais evidentes alertas e descontentamentos dos especialistas, cientistas sociais e estudiosos nestas áreas socio-médicas, a par, naturalmente, dos profissionais de saúde e da assistência social, de autarcas, dirigentes associativos, animadores comunitários, IPSS, etc., etc.


– E sem entrarmos, por enquanto e novamente, aqui, no vergonhoso e intolerável caso particular dos Açores (zero equipas estruturadas, integradas e devidamente reconhecidas!), basta dizer que das cerca de (pelo menos) 110 equipas de Cuidados Paliativos necessárias, apenas existem (no máximo) 11, em todo o País!


De facto, embuste idêntico só agora, por estes dias dramáticos, nas perigosas patranhas, mentiras tácticas e criminosas leviandades que tem sido irresponsavelmente afiançadas (e regionalmente consentidas e silenciadas!) sobre o Ébola! 

– Mas isto fica já aprazado para tratamento (não paliativo!) noutra Crónica...
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Em Azores Digital:






















RTP-Açores:

























“Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 11.10.2014):



























e “Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 12.10.2014):